O Estado de S. Paulo

Acordo garante pré-sal a Estados

Novo e atual governo negociam repasse de Fundo Social; municípios serão beneficiad­os

- BRASÍLIA /EDUARDO RODRIGUES, MARIANA HAUBERT, IDIANA TOMAZELLI

Pressionad­os pelos governador­es eleitos, que vão receber os Estados com o caixa vazio e um volume crescente de despesas, o Congresso e a equipe econômica do futuro governo fecharam ontem um acordo para garantir uma injeção de recursos para as unidades da Federação. Ele prevê que os governador­es receberão uma parcela do Fundo Social do présal. O valor está em discussão.

Com isso, saiu vencedora a posição defendida pelo atual ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. Em entrevista publicada pelo Estado no último sábado, ele sugeriu a transferên­cia desses recursos, em vez de entregar aos governador­es uma parcela do resultado do leilão da cessão onerosa, como havia sinalizado o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

Guardia afirmou que a União não poderia abrir mão dos recursos da cessão onerosa, estimados entre R$ 100 bilhões e R$ 130 bilhões. O governo já conta com esse dinheiro para tapar parte do “rombo” nas contas federais em 2019.

No entanto, na noite de terça-feira, as duas opções estavam sobre a mesa: transferir 20% recursos da cessão onerosa, algo como R$ 20 bilhões, ou um montante provavelme­nte maior em recursos do Fundo Social. Sendo que, na segunda opção, os recursos seriam transferid­os de forma gradual. As duas opções dependem da aprovação de projetos de lei que estão em tramitação no Congresso.

Ontem, Guedes admitiu pela primeira vez que apoia a ideia de partilhar com os governos regionais os recursos do megaleilão de pré-sal. O futuro ministro indicou que eles poderão ter um alívio maior se houver aceleração nas reformas. “Quanto mais rápida for a aprovação das reformas, maior a divisão dos recursos”, disse.

Pelo acordo fechado ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) se compromete­u a pautar, na próxima terçafeira, um projeto de lei que altera o Fundo Social e abre caminho para transferir recursos para

Estados e municípios.

No mesmo dia, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) colocaria em votação o projeto da cessão onerosa, que está em tramitação na casa. A ideia é aprová-lo sem modificaçõ­es, para que a matéria não

tenha de voltar à Câmara, atrasando todo o processo que antecede o leilão da cessão onerosa.

Como uma espécie de “plano B”, outra opção seria conseguir do atual governo o compromiss­o de editar uma medida provisória (MP) para garantir a transferên­cia

de recursos do Fundo Social. Essa engenharia foi discutida num almoço na casa de Eunício, do qual participar­am Guedes e o ministro extraordin­ário da transição, Onyx Lorenzoni.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO–20/7/2018 Rombo nas contas. Governo já conta com os estimados R$ 100 bilhões da cessão onerosa

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