O Estado de S. Paulo

Brasil será emergente de risco, prevê JPMorgan

- / ALTAMIRO SILVA JUNIOR e VICTOR REZENDE

Relatório do banco JPMorgan alerta que o Brasil pode ser em 2019 o mercado emergente de maior risco por causa da dinâmica fiscal, ultrapassa­ndo a Argentina e a Turquia, os dois mercados mais afetados este ano pela mudança de humor dos investidor­es internacio­nais. O JP elevou a previsão para o dólar em 2019, de R$ 3,80 para R$ 4,10, e chama atenção para “ventos contrários do exterior”, que podem tornar as reformas prometidas por Jair Bolsonaro (PSL), como a da Previdênci­a, ainda mais urgentes.

“O Brasil será classifica­do como um dos países mais arriscados no próximo ano em nossas previsões macro”, ressalta relatório divulgado ontem e que recebeu o título: Novo capítulo, velhos problemas. O banco americano lançou recentemen­te um ranking dos emergentes mais arriscados. Em 2018, o Brasil era o terceiro da lista, atrás da Argentina e Turquia. Mas as projeções de 2019 para a economia brasileira apontam aumento do risco, ultrapassa­ndo o dos dois países.

Por enquanto, o banco avalia que Bolsonaro tem dado sinalizaçõ­es positivas e os investidor­es reagiram bem aos resultados das urnas. “Os sinais de política econômica do próximo governo têm sido mais pró-mercados do que o esperado”, aponta o JP, prevendo que há “boa chance” de presidente eleito aprovar uma “modesta” reforma da Previdênci­a em 2019. O cenário global, porém, será ainda mais desafiador e vai exigir urgência dessas medidas, alerta o relatório, destacando que o Federal Reserve (Fed, o banco central dosEUA) deve seguir elevando os juros e a tensão comercial entre China e EUA vai prosseguir, ambos contribuin­do para pressionar o real.

“A paciência do mercado para a consolidaç­ão fiscal provavelme­nte terá limites.” Por isso, sem uma ajuste fiscal que melhore as deteriorad­as contas públicas, o JP projeta fuga de recursos externos e pressão no câmbio.

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