O Estado de S. Paulo

Criação de 57,7 mil vagas no País fica abaixo do esperado

Setores de serviços e comércio foram os que mais criaram empregos em outubro; em 12 meses, foram abertos 444, 5 mil postos

- Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

O Brasil registrou a criação de 57.733 vagas com carteira assinada em outubro de 2018, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Embora tenha sido o quarto mês seguido de resultado positivo, o número ficou abaixo das projeções de mercado, que apontavam para 65 mil novas vagas no mês passado.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) foram comemorado­s pelo presidente Michel Temer, que se antecipou ao anúncio oficial e divulgou em sua conta no Twitter a criação de mais de 57.000 vagas formais: “Isso significa que o Brasil está no rumo certo”, escreveu.

Oresultado­deoutubrod­ecorre de 1.279.502 admissões e de 1.221.769 demissões. Com esse resultado mais os ajustes feitos em meses anteriores – que incorporam declaraçõe­s de contrataçã­o ou demissão feitas fora do prazo –, o saldo do Caged em 12 meses ficou positivo em 444.483 postos de trabalho.

Em 2015 e 2016, o País eliminou mais de 3,5 milhões de vagas formais. Em 2017, o mercado de trabalho melhorou, mas não escapou de um saldo negativo de 20,8 mil postos.

O setor de serviços abriu 34.133 postos com carteira assinada em outubro, e o comércio teve saldo positivo de 28.759 novas vagas no período. Juntos, os dois setores comandaram as contrataçõ­es no mês passado.

A indústria de transforma­ção gerou 7.048 vagas formais em outubro, enquanto a construção civil ficou com saldo positivo em 560 postos.

Mas o saldo final acabou sendo afetado pelas demissões na agricultur­a, que teve contração líquida de 13.059 postos. Boa parte das vagas foi cortada no setor de cultivo de soja e no segmento de produção de sementes. A administra­ção pública também demitiu, e o setor de extração mineral criou 377 novas vagas.

O salário médio de admissão no emprego formal ficou em R$ 1.528,32 em outubro deste ano – alta real (já descontada a inflação) de 0,66% em relação a igual mês do ano passado. Em outubro de 2017, esse valor era de R$ 1.518,33.

Intermiten­tes. As novas modalidade­s de contrataçã­o criadas pela reforma trabalhist­a contribuír­am para a geração de novas vagas formais de emprego no mês de outubro. Os dados do Caged mostram que o trabalho intermiten­te ficou com saldo positivo de 4.844, enquanto o regime trabalho parcial abriu 2.218 novos postos com carteira.

O contrato de trabalho intermiten­te permite às empresas chamar os trabalhado­res apenas quando e se necessário, pagando apenas pelas horas cumpridas. Os setores de serviços e comércio continuam puxando essas contrataçõ­es, seguidos pela construção civil e pela indústria de transforma­ção em menor medida.

A maior parte dos postos gerados foi ocupada por homens (63,9%) e jovens de 18 a 24 anos (31,6%). Em geral, são trabalhado­res com ensino médio completo ou incompleto. As funções mais comuns são assistente de vendas e atendente de lojas e mercados.

Ainda segundo o Caged, um total de 54 empregados celebrou mais de um contrato na condição de intermiten­te em outubro. No entanto, não há especifica­ção sobre quantos contratos cada um firmou.

Essa é uma questão crucial que tem sido questionad­a na análise das estatístic­as do Caged, porque uma pessoa contratada para mais de um emprego formal poderia ajudar a “inflar” o saldo geral do cadastro, que inclui todos os vínculos.

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