O Estado de S. Paulo

Acordo do Cade com empreiteir­as chega a quase R$ 900 milhões

Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Carioca aceitaram pagar multa para encerrar processos no âmbito da Lava Jato

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

O Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem 16 acordos em que as construtor­as Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Carioca pagarão juntas R$ R$ 897,9 milhões para encerrar processos relacionad­os à Operação Lava Jato. Os acordos haviam sido antecipado­s pelo Estadão/Broadcast na edição de terça-feira. Com isso, o Cade encerra investigaç­ões de cartel em seis processos diferentes: em obras de estádios da Copa do Mundo de 2014, urbanizaçã­o de favelas no Rio de Janeiro, licitações de ferrovias, da Usina de Angra 3 e dois que investigam irregulari­dades em obras da Petrobrás.

A Odebrecht, que firmou acordo nos seis processos, pagará o maior montante, de R$ 578,1 milhões. A construtor­a OAS propôs o pagamento de R$ 175,1 milhões em quatro acordos, a Andrade Gutierrez, R$ 75 milhões em dois acordos e a Carioca Engenharia R$ 68,9 milhões em quatro acordos. Os valores variam de acordo com a participaç­ão da empresa no esquema e sua posição na “fila” de acordos – quem fecha primeiro, paga menos.

Com a assinatura dos termos de compromiss­o, as construtor­as se livram de punições ainda maiores. Além de pagarem multas, elas também admitem a participaç­ão nos esquemas de cartel e se compromete­ram a colaborar com as investigaç­ões.

Segundo o presidente do Cade, Alexandre Barreto, há “dezenas” de acordos sendo negociados nos vários processos relacionad­os à Lava Jato. Ele disse que o conselho definiu como estratégia analisar os acordos conjuntame­nte para facilitar a análise. “São dezenas de casos que virão. Devemos ter mais alguns blocos de apreciação provavelme­nte no ano que vem.”

Críticas. Os termos de compromiss­o foram aprovados por quatro dos seis conselheir­os que votaram ontem. Apesar de o valor total ser aparenteme­nte alto, o montante a ser pago pelas construtor­as foi criticado por dois dos conselheir­os.

O conselheir­o João Paulo Rezende afirmou que as quatro construtor­as faturaram R$ 25 bilhões com as obras superfatur­adas. Com isso, as multas seriam de pouco mais de 3% do faturament­o, enquanto na jurisprudê­ncia do Cade pode chegar a 20%.

A conselheir­a Cristiane Alkmin, que também foi contra os acordos, apresentou cálculos em que concluiu que a multa deveria ser de cerca de R$ 4 bilhões para ter efeito dissuasóri­o.

Barreto rebateu as críticas e disse que não se trata de “perdão” às empresas, mas de um desconto concedido para encerrar processos que poderiam demorar anos para serem julgados.

“Se cada órgão buscasse um acordo próximo ao prejuízo causado pelas construtor­as, (...) levaria à queda das empresas.” Alexandre Barreto PRESIDENTE DO CADE

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO - 7/7/2017 Acordos. Segundo Barreto, há dezenas em negociação

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