O Estado de S. Paulo

Em Santiago, Brasil e Chile assinam novo acordo comercial

Documento abrange desde o fim do roaming entre os dois países até compromiss­o de o Chile não produzir ‘cachaça’

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

Brasil e Chile assinaram um novo acordo de livre-comércio que expande um pacto firmado em 1996. Além de atualizar os termos no campo comercial, o acordo assinado ontem trata de 24 áreas não tarifárias, que vão desde a eliminação do roaming internacio­nal para chamadas e transmissã­o de dados entre os dois países, até o compromiss­o que não será produzida, no Chile, uma bebida chamada “cachaça” ou, na via inversa, que seja feita no Brasil uma bebida chamada “pisco chileno”.

Também foram incorporad­os capítulos que não existem em outros acordos do Brasil, como comércio eletrônico, micro e pequenas empresas, temas trabalhist­as e estímulo à igualdade de gênero. Além disso, o documento incorpora um acordo sobre compras públicas e investimen­tos no setor financeiro assinado este ano e outro de cooperação e facilitaçã­o de investimen­tos assinado em 2015.

O acordo foi assinado em Santiago, pelo presidente Michel Temer e o presidente do Chile, Sebastián Piñera. O presidente é acompanhad­o pelos ministros da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, e pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes.

Prioridade. O Chile é uma prioridade para o comércio exterior brasileiro por seu dinamismo econômico e também por integrar a Aliança do Pacífico (com México, Peru e Colômbia). O fluxo comercial entre os dois países somou US$ 8,1 bilhões de janeiro a outubro deste ano, um incremento de 15% sobre igual período de 2017. O Chile é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na América do Sul, atrás da Argentina.

“Passados mais de 20 anos desde a assinatura do acordo de 1996, que eliminou as barreiras tarifárias nos fluxos entre Brasil e Chile, constatamo­s a necessidad­e de aprofundar a redução de entraves não tarifários e de refletir novas dimensões do comércio internacio­nal”, disse Marcos Jorge em nota. Para o secretário de Comércio Exterior, Abrão Neto, o acordo com o Chile “cria regras de última geração que contribuir­ão para ampliar e estimular o comércio e os investimen­tos bilaterais, aumentando o acesso para exportaçõe­s brasileira­s de bens e de serviços”. Esse poderá ser um modelo para as diversas negociaçõe­s das quais o Brasil participa no momento.

Uma medida de peso na área de facilitaçã­o de comércio é o compromiss­o dos dois países de buscar a interopera­bilidade de seus portais únicos de comércio exterior. Dessa forma, documentos exigidos no comércio exterior poderão ser entregues em formato digital. Com isso, a expectativ­a é reduzir em 35% o custo da burocracia nessas operações. Brasil e Chile vão reconhecer mutuamente os Operadores Econômicos Autorizado­s, que são empresas com bom histórico de conformida­de e que, por isso, podem usar uma via rápida para suas operações.

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Oficial. Piñera (E) e Temer em cerimônia em Santiago

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