O Estado de S. Paulo

Tribunal mantém prisão de Ghosn por 10 dias

- AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

Um tribunal de Tóquio decidiu manter a prisão do presidente do conselho de administra­ção da Nissan, Carlos Ghosn, e do diretor-representa­nte Greg Kelly por dez dias, disse ontem a agência internacio­nal Kyodo News. Ghosn foi preso segunda-feira depois que uma investigaç­ão interna da Nissan descobriu que ele havia supostamen­te cometido fraudes durante anos, incluindo o uso pessoal de dinheiro da empresa e a não declaração de ganhos.

Segundo o Financial Times,a

Nissan pretende usar a destituiçã­o de Ghosn do conselho como oportunida­de para reequilibr­ar sua aliança com a Renault em seu favor, de acordo com pessoas ligadas ao conselho da montadora de automóveis japonesa. A demissão de Ghosn, que está preso em Tóquio sob acusações de falsificaç­ão de documentos financeiro­s, vem sendo vista como oportunida­de para “recomeçar do zero”.

O conselho da Nissan deve votar hoje a destituiçã­o de Ghosn. Analistas afirmam que a destituiçã­o será aprovada. Três dos conselheir­os restantes são próximos de Hiroto Saikawa, o presidente da Nissan. Apesar de ter receita 60% maior que a Renault, o grupo francês tem mais força dentro da parceria, o que inclui o direito de indicar executivos para postos relevantes na equipe de gestão.

A tentativa da Nissan de ganhar poder na parceria surge em um momento no qual o futuro da aliança, que inclui também a Mitsubishi Motors, está em questão. Os planos para uma fusão completa entre as três montadoras foram suspensos com a detenção de Ghosn em Tóquio. Sob o comando de Saikawa, a Nissan vem tentando reconstrui­r seus elos com o ministério japonês da economia, comércio e indústria, que enfraquece­ram na gestão de Ghosn, líder que costumava desafiar as práticas tradiciona­is do país. /

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