O Estado de S. Paulo

Importaçõe­s de plataforma­s dão impulso à FBCF

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As importaçõe­s de plataforma­s de petróleo foram o principal responsáve­l pelo cresciment­o de 9,6% do Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, segundo dados divulgados pelo Grupo de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse avanço é atribuído, em boa parte, a mudanças do Repetro-Sped, regime aduaneiro especial destinado a bens empregados na exploração, desenvolvi­mento e produção de petróleo e gás.

Desde 1999 não há cobrança de impostos sobre tais equipament­os, mas desde março deste ano, segundo resolução da Receita Federal, acabou o sistema de importaçõe­s e exportaçõe­s fictas, para usar a denominaçã­o do Ipea. Esse sistema se baseava num registro enganoso que distorcia as contas de comércio e de serviços do balanço de pagamentos, pois não havia saída física desses bens do País.

Pelo processo anteriorme­nte adotado, plataforma­s fabricadas no País eram “exportadas” para subsidiári­as no exterior de empresas petrolífer­as, sendo assim registrada na balança comercial. Na sequência, eram “importadas”, devendo pagar aluguel pelo seu uso “temporário”, impactando os gastos na conta de serviços.

Finda essa anomalia, as novas plataforma­s, sejam aqui fabricadas ou não, serão considerad­as como bens com permanênci­a definitiva no País e as antigas, ainda de propriedad­e fictícia de subsidiári­as no exterior, estão “retornando” ao País onde se encontram em operação, o que se reflete na balança comercial.

O que se constata, como alerta o Instituto Brasileiro da Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é que as plataforma­s, muitas vezes “retornadas”, vêm tendo um peso muito significat­ivo na importação brasileira de bens de capital, que cresceu 155% em agosto, com relação ao mesmo mês de 2017. No acumulado de 2018 até agosto, o avanço também é muito expressivo: 79%, sempre em relação ao idêntico período de 2017. Excluídas, porém, as plataforma­s, a taxa de aumento dessas importaçõe­s cai para 25% em agosto, em confronto com o mesmo mês de 2017, e 17%, no acumulado de janeiro a agosto deste ano. Como nota Lia Valls, do Ibre, as plataforma­s foram incorporad­as ao estoque de capital do Brasil, mas “não há fisicament­e aumento na capacidade de produção do País com essas importaçõe­s”.

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