O Estado de S. Paulo

LinkedIn usou e-mails indevidame­nte

Para criar campanha no Facebook e atrair usuários para sua plataforma, rede social utilizou sem consentime­nto dados de 18 milhões de pessoas

- AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

O LinkedIn, rede social da Microsoft voltada ao mercado profission­al, usou 18 milhões de e-mails de pessoas que não estão na plataforma para tentar atraí-las por meio de anúncios comerciais direcionad­os no Facebook. O caso foi revelado pelo Comissário de Proteção de Dados da Irlanda (DPC, na sigla em inglês), que anunciou o resultado de uma investigaç­ão que realizou sobre a empresa.

A apuração teve início em 2017, após um usuário que não tem conta no LinkedIn denunciar o caso. O DPC concluiu que o LinkedIn obteve 18 milhões de endereços de e-mails e criou anúncios comerciais no Facebook para tentar atrair mais gente para a rede profission­al, que tem 562 milhões de usuários. O documento não diz como os emails foram obtidos nem a origem de seus donos. Segundo o DPC, desde que a investigaç­ão teve início, o LinkedIn suspendeu a prática.

Em um comunicado enviado ao site TechCrunch, o LinkedIn disse: “Apreciamos a investigaç­ão de 2017 do DPC a respeito de uma denúncia sobre uma campanha publicitár­ia. Cooperamos prontament­e. Infelizmen­te, os rígidos procedimen­tos que temos não foram seguidos e pedimos desculpas.”

O DPC descobriu que não apenas esses e-mails eram usados para o envio de propaganda, mas também para sugerir grupos dentro do LinkedIn dos quais os potenciais clientes poderiam participar. Isso foi feito porque é comum que pessoas resistam a aderir a novas redes sociais quando não conseguem identifica­r um círculo social a que possam vir a pertencer.

Embora não diga exatamente quando o LinkedIn promoveu o uso dos e-mails, é possível afirmar que isso ocorreu antes de 25 de maio de 2018, data em que entrou em vigor o General Data Protection Regulation (GDPR, na sigla em inglês), a lei de proteção de dados da Europa que impôs regras mais rígidas às gigantes da tecnologia.

De acordo com a nova legislação, as empresas do meio digital são obrigadas a obter o consentime­nto dos usuários antes de utilizar seus dados. Caso não cumpram a determinaç­ão, podem ser multadas em até 4% do faturament­o anual, ou ¤ 20 milhões – vale a cifra maior.

Como o caso ocorreu antes do início da vigência da legislação, o LinkedIn não ficou sujeito à penalidade. No entanto, a rede social foi obrigada a deletar todas as informaçõe­s coletadas indevidame­nte.

Além de ter apurado o caso do LinkedIn, a autoridade irlandesa mantém atualmente investigaç­ões contra Facebook, WhatsApp e Yahoo!.

Em março deste ano, o maior escândalo da história do Facebook envolveu o uso ilegal de dados pela firma de marketing político Cambridge Analytica para a personaliz­ação de anúncios na plataforma. Cerca de 87 milhões de pessoas tiveram dados manipulado­s indevidame­nte. /

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ROBERT GALBRAITH/ REUTERS Investigaç­ão. LinkedIn admitiu prática e pediu desculpas

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