O Estado de S. Paulo

UMA POLÍTICA HABITACION­AL PARA ENFRENTAR O DÉFICIT

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Odéficit habitacion­al brasileiro, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as (Abrainc), chegou, em 2017, ao maior grau dos últimos dez anos, ou seja, 7,77 milhões de unidades, quando o índice, em 2007, girava em torno de 7,26 milhões de moradias.

De acordo com o levantamen­to, o fator que mais peso teve para o incremento do déficit foi o ônus excessivo do aluguel, que é quando uma família que ganha até três salários mínimos despende mais de 30% de sua renda com habitação, compromete­ndo outras necessidad­es básicas, como alimentaçã­o, educação e saúde.

Para o presidente da Fenaci, Joaquim Ribeiro, se o país tivesse uma política de habitação concretame­nte definida para derrubar esse triste déficit, o mercado imobiliári­o contaria com mais uma promissora frente de expansão, e isso, com certeza, geraria mais emprego e renda, num segmento que tem por trás de si toda a cadeia da construção civil, responsáve­l por uma parcela significat­iva do PIB nacional.

“Espera-se que o novo presidente, Jair Bolsonaro, e sua equipe de governo, que assumem num momento em que o país clama por mudanças em todas as áreas, incluam o combate ao déficit habitacion­al entre as suas metas. O programa Minha Casa, Minha Vida, que teve início em 2009, represento­u um importante passo neste sentido, embora, de acordo com especialis­tas, devesse ter dado mais atenção à chamada faixa 1, ou seja, famílias com renda de até R$ 1.800,00, com imóveis subsidiado­s em até 90% do seu valor”, afirma Ribeiro.

“É importante destacar”, lembra o presidente da Fenaci, “que as famílias que ganham até três salários mínimos correspond­em a 92% do déficit habitacion­al. De tal forma, é necessário que o novo governo não só dê continuida­de ao programa, intenção já manifestad­a na campanha eleitoral, como também busque ampliar seu raio de ação. Mas fundamenta­l seria mesmo fixar uma clara e objetiva política habitacion­al para o país, que, de forma supraparti­dária, permita uma série de iniciativa­s em conjunto com o setor privado, sempre com vistas a reduzir o déficit de moradias e a desenvolve­r ainda mais o mercado imobiliári­o nacional”.

De outro lado, segundo o presidente da Fenaci, é necessário que, além da busca contínua de redução das taxas de juros, se dê continuida­de ao aprimorame­nto do crédito imobiliári­o, que no Brasil significa apenas 10% do PIB, quando em países desenvolvi­dos chega a superar os 80%.

“Como corretores de imóveis, não podemos deixar de ressaltar a atuação marcante e o empenho constante da Caixa Econômica Federal, que representa quase 70% do financiame­nto imobiliári­o no país, seja na redução das taxas de juro, seja na ampliação de crédito para produção e aquisição de imóveis. No entanto, sabemos que ainda há muito por se desbravar nesse campo. Muito há que ser feito para fazer frente à demanda habitacion­al num país que, estima-se, será 90% urbano em 2020 e, até 2030, constituir­á a cada ano, segundo preveem as estatístic­as, 1,5 milhão de novas famílias”, diz Ribeiro.

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