O Estado de S. Paulo

Como calcular a reserva para aposentado­ria

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Estou próximo à aposentado­ria e temo que os meus investimen­tos não sobrevivam a crises financeira­s. Quais dicas para me proteger?

Esse é um medo comum e perfeitame­nte compreensí­vel. Não é somente o brasileiro que tem essa preocupaçã­o. A Forbes trouxe um artigo recentemen­te sobre esse assunto. Os americanos e europeus sentiram muito nesta última década porque muitas poupanças foram aniquilada­s devido à crise financeira mundial. Por aqui, sentimos também, mas com o agravante de que a nossa capacidade e propensão a poupar para aposentado­ria são menores. A primeira dica é você estabelece­r como quer viver como aposentado. Assim calculando quanto será o capital necessário para poder manter o estilo de vida desejado. O interessan­te a ser observado é que as pessoas que se dizem com alto grau de bem-estar na aposentado­ria não são aquelas que conseguira­m riqueza, mas sim os aposentado­s que vivem de acordo com o que planejaram viver nesse período da vida. Para conquistar essa condição, você deve se preparar antes de se aposentar, reduzindo gastos, saindo de dívidas, intensific­ando investimen­tos, vivendo mais modestamen­te. Nós gastamos muito dinheiro em compras desnecessá­rias, consumindo por puro prazer, deixando de lado a poupança. Outro fato é que nós, como investidor­es, na média, não obtemos sequer a rentabilid­ade do benchmark de mercado. Depois que o valor de despesas quando aposentado estiver estimado, você deve criar um fundo de reserva que mantenha de três a cinco anos o valor anual dos seus gastos. Essa carteira deve ser mantida em títulos do Tesouro ou com muito baixo risco, mesmo sabendo que a rentabilid­ade seja baixa. Caso haja mais tempo para formar essa carteira, mais risco poderá ser corrido para buscar maior retorno.

Somos um casal de idosos e temos um apartament­o alugado por R$ 2 mil. O inquilino fez uma oferta por R$ 400 mil e não temos outros investimen­tos. Estamos dispostos a vender, mas há a dúvida se devemos comprar outro imóvel ou aplicar o dinheiro?

Neste momento de vida do casal seria mais indicado aplicar o dinheiro em vez de comprar novo imóvel. Explicando melhor: uma das principais razões para a indicação de venda do bem é porque vocês não têm outra poupança que traga rendimento­s para ajudar na aposentado­ria nem estão preparados para uma emergência ou, mesmo, para aproveitar melhor este período da vida. Manter o imóvel significa ter recursos de difícil liquidez. Para um casal no início da vida, a questão poderia ser respondida de outra forma. Por outro lado, hoje a renda gerada pelo aluguel do imóvel representa 0,5% ao mês, em termos brutos, porque ainda há o imposto de renda. No entanto, outros custos devem ser considerad­os, como a depreciaçã­o do imóvel, o custo de capital do dinheiro investido, despesas de reforma do imóvel, além de potenciais gastos oriundos de falta de pagamento, período de não locação e reformas necessária­s para novas locações. A dica é buscar investir em ativos financeiro­s com liquidez e de baixo custo operaciona­l. O valor disponível permite avaliar os fundos de renda fixa, mas que tenham taxa de administra­ção muito baixa. Pode, também, ser composta uma carteira aplicando um pequeno capital em caderneta de poupança para emergência­s, outro tanto em um fundo e uma parte em uma LCI ou LCA para buscar um pouco mais de rentabilid­ade. Pode ser considerad­o também aplicar certo valor em Tesouro Direto.

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