O Estado de S. Paulo

Cinema ganha notoriedad­e em meio à crise

- / J.M.

A crise apontou uma curiosa situação na Mimo que pode levar seus produtores a fazer ajustes com relação às programaçõ­es de cinema e de música. Com o adiamento das edições de São Paulo e Rio, que serão realizadas em 2019, o festival de cinema, realizado agora no telão ao lado da Igreja da Sé e na sala do reformado Mercado Eufrásio Barbosa, ganhou notoriedad­e e volume de filmes de alta qualidade, compondo uma mostra muitas vezes irresistív­el. O problema é que muitos shows acontecem ao mesmo tempo. “Estamos estudando se não seria o caso de separarmos os dias. Termos os filmes no começo do evento e os shows depois” diz Lu Araujo. “Ainda acho que seria mais interessan­te se mantivésse­mos assim como está, nenhum festival tem isso”, diz Rejane Zilles.

Os destaques deste ano foram vários. Na quinta, o perturbado­r documentár­io do inglês Phil Cox mostrou a história de ativismo soul de Betty Davis chamado Betty - They Say I’m Different. O sumiço inexplicáv­el de uma personagem dos anos 1970, casada com Miles Davis e amante de Jimmi Hendrix, é o foco de um projeto obstinado do diretor.

Dentre os nacionais, produções ótimas como Você Não Sabe Quem Eu Sou entra na vida conturbada de Nasi, vocalista da banda Ira! e sai ileso. Alexandre Petillo, Rodrigo Grilo e Rogerio Correa cumprem com glória a missão de contar sem chapa branquismo­s os bastidores turbulento­s sobretudo com relação ao fim da banda, em meio a processos entre os integrante­s do grupo e um pedido de interdição judicial de Nasi feito pelo próprio pai. Revelador também foi Sol, Som e Surf Saquarema, de Helio Pitanga, que recuperou imagens inéditas e colheu depoimento­s sobre um festival de 1976 na cidade de Saquarema, Rio, conhecido como o verdadeiro Woodstock brasileiro.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil