O Estado de S. Paulo

Conquista merecida

- ROBSON MORELLI E-MAIL: ROBSON.MORELLI@ESTADAO.COM INSTAGRAM: @ROBSONMORE­LLI7 TWITTER: @ROBSONMORE­LLI FACEBOOK: @ROBSONMORE­LLI

Não há alegria maior para um torcedor do que festejar uma conquista do seu time. Hoje quem faz isso é o torcedor do Palmeiras, que mereceu ganhar o Campeonato Brasileiro, com recorde de jogos seguidos sem perder, com um elenco mais recheado do que os concorrent­es, com jogadores envolvidos e com um treinador que se identifica com o clube. De todos os envolvidos na conquista, contudo, não há quem mais mereça o título do que o torcedor palmeirens­e, aquele que fecha ruas em dias de jogos, que tira sua camisa do armário independen­temente do tamanho da confiança na vitória, aquele que às vezes passa da conta na cerveja para comemorar os três pontos ou os pontos perdidos. Também aquele que acompanha a saga de longe, por esse Brasil afora, pela televisão aberta, fechada, internet ou pelo bom e velho (mas sempre vivo) radinho de pilha.

Foi assim que aprendi a gostar de futebol, ajudando meu pai a lavar seu Fuscão branco 71 na frente de casa ouvindo a narração de jogos de futebol aos sábados e domingos. Tudo acontecia no rádio. Com a minha idade, naquela época, só conseguia esguichar água nas calotas, mas sempre com os jogos de futebol ao fundo.

Meu pai conta que eu corria com o dedo atrás da bola nas partidas de futebol pela televisão. Foi assim que acompanhei a Copa do Mundo de 70, ainda sem conhecer e saber quem era Pelé, e todos os outros da seleção. Sem conhecer ainda Ademir e a Academia.

Torcer faz parte da vida do brasileiro, apaixonado que é por futebol, a ponto até de brigar (isso tem de acabar) por ele. O torcedor palmeirens­e comprou esse time desde o começo do ano. Soube esperar, teve paciência, roeu as unhas, mas não se perdeu quando a equipe ficou para trás na Copa do Brasil nem na Libertador­es. Muitas vezes apertou o cinto, fez economia, para poder comprar seu ingresso do jogo.

Lamentou e festejou. Mais festejou do que lamentou nesta temporada. E agora faz festa, merecida, uma grande celebração, mesmo que fora de casa, em São Januário, cantada por muitos antes mesmo da hora, animados e confiantes que estavam com os resultados e, consequent­emente, conquista. Ganhar a 10.ª taça de Campeonato Brasileiro representa muito para a torcida do Palmeiras. Quem foi aos jogos na arena, ou mesmo quem viu as partidas pela televisão, testemunho­u boas apresentaç­ões, dedicação, superação em campo, entrega até a última gota de suor. Por vezes não jogou tão bem. As conquistas sempre escondem os problemas, mas é preciso dizer que nem sempre foi tudo alegria. Demitir Roger Machado em meio à temporada não faz parte da boa gestão, mesmo para trazer Felipão. O Palmeiras campeão brasileiro vacilou em alguns momentos, como no empate diante do Paraná em Londrina. Mesmo assim, o torcedor nunca desanimou, jamais duvidou, não desistiu. Para esse palmeirens­e, devemos tirar o chapéu. É para esse palmeirens­e que o time deve jogar bem sempre. Com entrega.

A conquista, aposta o torcedor, não vai acabar nela mesma. O clube tem por tradição abrir ciclos para erguer taças, colocar troféus seguidos na estante. Tem sido assim nas últimas décadas. Lá atrás, engatou duas conquistas, quando ganhou os Brasileiro­s de 1972 e 1973, a segunda e terceira edições da disputa criada em 1971, que teve o Atlético-MG como primeiro vencedor. Depois, brilhou em 93 e 94, sob o comando de Luxemburgo e craques de dar saudades, muitos deles ainda na memória afetiva do palmeirens­e. Então, 2018 pode abrir caminho para novas conquistas, sobretudo se pouca coisa mudar em 2019. Felipão fica. A maioria dos jogadores também. Os reforços serão pontuais, escolhidos a dedo. A 10.ª taça tem tudo para se transforma­r em 11.ª, 12.ª, 13.ª...

Palmeiras vive ciclo de vitórias que não acaba na conquista do Brasileirã­o

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