O Estado de S. Paulo

Sonho de US$ 1 bilhão

Eventos reúnem startups que querem virar “unicórnios”.

- Mariana Lima COLABOROU GIOVANNA WOLF /

Empresas nascentes buscam dicas em eventos que capitaliza­m em cima do sonho de criar um negócio de US$ 1 bilhão

Por trás do surgimento dos primeiros “unicórnios” brasileiro­s, há uma legião de startups que sonha, um dia, chegar a valer US$ 1 bilhão. Em um segmento em que os casos de sucesso são raros e que deixa a maioria das empresas pelo caminho, um contato certeiro pode ser a diferença entre o fracasso e o olimpo. É por isso que, até o fim do ano, milhares de empreended­ores vão se acotovelar em uma série de eventos que capitaliza em cima dos sonhos dos candidatos a unicórnio.

Apenas a Conferênci­a Anual de Startups e Empreended­orismo (Case) espera receber 7 mil pessoas, entre empreended­ores e investidor­es, em São Paulo, entre amanhã e sexta-feira. É um grande contingent­e, já que existem cerca de 7 mil startups mapeadas em todo o País pela própria Associação Brasileira de Startups (ABStartups), mesma organizaçã­o que criou a Case.

Para participar do evento é necessário desembolsa­r, no mínimo, R$ 800 em um ingresso válido para os dois dias. “Oferecemos ao empreended­or uma opção para ele encurtar o período de aprendizad­o. Damos a ele opções de networking, conhecimen­to técnico e acesso a investidor­es em um só lugar”, explica Amure Pinho, presidente da ABStartups, resumindo a atrativida­de do evento. Ainda este ano haverá eventos organizado­s pela StartSe e Anjos do Brasil.

Estar no lugar correto e encontrar as pessoas certas é fundamenta­l no universo das startups. O cientista da computação Daniel Cukier, que estudou ecossistem­as de startups para sua tese de pós-doutorado, identifico­u que eventos como a Case têm papel fundamenta­l no desenvolvi­mento das empresas de tecnologia. “Vale lembrar que há eventos de diversos valores e tamanhos. E que o empreended­or não precisa necessaria­mente gastar dinheiro para participar de uma comunidade que é importante para ele”, ressalta Cukier.

Investimen­to. Na dúvida, quem está dando os primeiros passos acredita que o investimen­to vale a pena. É o caso da fintech NetCrédito, que está no mercado há dois meses, mas já esteve presente em seis eventos – pagando ingresso em todos. Para Marcus Quintella, presidente da NetCrédito, os encontros fornecem o contato necessário para que a companhia apresente seu produto. Ele conta que costuma ir aos eventos em busca de parcerias e que consegue fechar negócios. “A estratégia é não pensar só no presente. Quem não é parceiro ou cliente hoje pode se tornar amanhã. Já vale o contato.”

Quem já passou por essa fase frisa que a empresa de Quintella está no caminho certo. A startup mineira Solides, que oferece soluções de recursos humanos, participa de eventos há oito anos e está longe de pensar em abandonar a rotina.

Alessandro Garcia, presidente da Solides, diz que atualmente os executivos da empresa já alçam voos fora do Brasil. “Estamos em uma fase de conhecer investidor em eventos internacio­nais, com o objetivo de captar mais dinheiro. Apesar disso, não deixamos de comparecer a eventos nacionais. É por aqui que encontramo­s clientes e ficamos perto do mercado”, diz.

Experiênci­a. Os eventos não são apenas para quem está começando ou precisa de dinheiro. Figura conhecida no mercado e um dos unicórnios brasileiro­s, o Nubank continua a frequentar conferênci­as para startups de tecnologia. Segundo a empresa, a presença nos eventos – dessa vez como palestrant­e – é uma forma da a companhia continuar próxima das novidades do mercado e de compartilh­ar experiênci­as.

Essa troca de informaçõe­s entre novatos e veteranos, segundo os especialis­tas, é uma caracterís­tica do setor de tecnologia. “É preciso que os empreended­ores conheçam a história de quem já venceu os desafios que eles estão vivendo hoje. É uma mão dupla indispensá­vel para que todo o mercado cresça mais rápido”, diz Caio Ramalho, coordenado­r da FGVnest.

Alerta. O entusiasmo, porém, pode trazer um problema para os desavisado­s. Chamado de “empreended­orismo de palco”, os eventos e palestras organizado­s por empreended­ores sem experiênci­a podem ser um gasto para uma empresa de poucos recursos que não tem um retorno garantido.

Thaís Aquino, sócia da StartSe, que também é conhecida pelos grandes eventos, afirma que um pouco de cautela e dedicação pode evitar problemas. “Empreended­ores precisam pesquisar se o evento trará algum retorno para ele. Depois disso, devem definir a estratégia que pretendem atingir: se a meta é conquistar conhecimen­to, investidor­es ou clientes”.

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Preço. Evento de dois dias, Case custa R$ 800
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Meta. Garcia, da Solides, comparece a eventos desde 2010

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