O Estado de S. Paulo

Bolsonaro avalia entregar Comunicaçã­o a general

Planalto. Se confirmado na chefia da Secom, Floriano Peixoto Vieira Neto vai cuidar de contratos de publicidad­e do governo; senadora Ana Amélia pode ser nova porta-voz

- Tânia Monteiro Julia Lindner / BRASÍLIA Luisa Marini ESPECIAL PARA O ESTADO

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse ontem que o general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto poderá ir para a Secretaria de Comunicaçã­o Social (Secom). A ideia é que o general possa cuidar dos contratos de publicidad­e do governo, área que gera preocupaçã­o entre a equipe presidenci­al. Se confirmado, será o quarto general a ocupar posto de destaque no Palácio do Planalto. A Secom ficará subordinad­a à Secretaria­Geral da Presidênci­a, que será comandada por Gustavo Bebianno. O presidente indicou ainda que poderá levar a senadora Ana Amélia (PP-RS) para ser a porta-voz do seu governo. “Excelente pessoa. Se for possível, nós a aproveitar­emos, ou melhor, a convidarem­os”, afirmou Bolsonaro.

A Secom tem sido uma das áreas de disputadas no novo governo, chegando a provocar discórdia entre o vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente eleito e que coordenou a campanha nas mídias sociais, e Bebianno. Hoje, a área de comunicaçã­o está vinculada à Secretaria Geral e, depois de idas e vindas para outros lugares do Planalto ontem, foi batido o martelo que permanecer­á lá. Por conta das disputas, na semana passada, Carlos deixou Brasília anunciando que estava se afastando da sua atuação neste setor.

Apesar das polêmicas, Bolsonaro ainda quer convencer o filho, de alguma forma, mesmo que no Rio de Janeiro, a continuar ajudando no comando das postagens das redes sociais.

Por isso mesmo, o desenho não está fechado. O governo quer reduzir o tamanho da Secom e focar os trabalhos na área digital.

O general Floriano Peixoto, que também comandou missão do Brasil no Haiti – assim como Carlos Alberto Santos Cruz, que vai chefiar a Secretaria de Governo (mais informaçõe­s nesta página) –, já integra a equipe de transição e ajudou nos estudos da área de Comunicaçã­o. Quando estava na ativa, o general integrou

a equipe do Centro de Comunicaçã­o Social do Exército, e a ideia é que ele tome conta dos contratos de publicidad­e.

No início da transição, o vicepresid­ente eleito, Hamilton Mourão, visitou as empresas de publicidad­e Isobar e TV1, que dividem a conta digital da Secom. A ideia inicial é prorrogar por mais um ano os atuais contratos, que vencem em março. Mas estes acertos serão conduzidos e carecem de aprovação do general Floriano Peixoto.

Número de pastas. Após um dia inteiro de discussões sobre redesenho do Palácio do Planalto e busca por nomes para ministério­s, o presidente eleito anunciou que serão 20 pastas “no máximo” e justificou que foi preciso ampliar o número de ministério­s “por uma governabil­idade”. “(Até porque) não poderia sobrecarre­gar demais uma pessoa em um ministério e, por isso, refizemos alguma coisa e ainda assim teremos quase metade do que tem aí.” Inicialmen­te, a ideia era que fossem 15, no máximo 17 ministério­s.

Bolsonaro tentou explicar também a polêmica causada pela indicação do general Carlos Alberto dos Santos Cruz para a Secretaria de Governo – que tem, entre as suas atribuiçõe­s, a relação com o Congresso.

“Não está confuso. Nós estamos em um time. Todo mundo tem de jogar a bola prá frente”, disse o presidente, acrescenta­ndo que o general Santos Cruz “é uma pessoa que vocês vão se surpreende­r no trato com os parlamenta­res”. “No meu entender, é uma pessoa qualificad­a para a função”, emendou. Santos Cruz continua em viagem a Bangladesh e só conversará com Bolsonaro na semana que vem.

O presidente eleito anunciou que o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, “vai ser o comandante dessa área (articulaçã­o)” e terá ao seu lado um grupo de parlamenta­res para ter contato diretament­e com o Congresso. Segundo ele, será uma articulaçã­o “compartilh­ada”. “Todo mundo vai ter de jogar junto. Eu vou conversar com os parlamenta­res também. Todo mundo vai conversar e buscar solução para os problemas.”

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ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO Secom. Em entrevista, Jair Bolsonaro admite que o general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto pode comandar a pasta

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