O Estado de S. Paulo

Advogado é cotado para o Meio Ambiente

Criador do Movimento Endireita Brasil, Ricardo Salles disputou eleição pelo Novo; Bolsonaro promete anunciar hoje escolhido para a pasta

- Gustavo Porto ENVIADO ESPECIAL Leonencio Nossa / BRASÍLIA

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, fez ontem uma série de consultas para definir o nome que vai chefiar o Ministério do Meio Ambiente. Em entrevista coletiva, ele disse que pretende anunciar a escolha ainda hoje. Entre os cotados está o advogado Ricardo Salles, de 43 anos. Um dos criadores do Movimento Endireita Brasil (MEB), Salles foi secretário de Meio Ambiente de São Paulo no governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e este ano concorreu a deputado federal pelo Novo, mas não se elegeu.

Antes de Salles, a preferênci­a para ocupar a pasta era pelo doutor em ecologia Evaristo de Miranda, diretor da Embrapa, que alegou motivos pessoais para não aceitar o convite.

No início da tarde de ontem, Bolsonaro recebeu Salles no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde trabalha a equipe de transição. “Por enquanto é só conversa. Não tem nada concreto”, disse o advogado à reportagem.

O general Augusto Heleno Ribeiro, futuro chefe do Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), telefonou para representa­ntes do agronegóci­o em São Paulo para ouvir avaliações sobre a eventual indicações de Salles. A equipe de Bolsonaro também cogitou o nome do engenheiro agrônomo Xico Graziano, oriundo do PSDB paulista, que enfrenta resistênci­as do núcleo militar do novo governo.

Desde a fundação do MEB, Ricardo Salles provocou polêmicas com declaraçõe­s sobre ditadura militar e aborto e na defesa da pena de morte.

Como secretário de Alckmin, ele teve uma gestão marcada por divergênci­as políticas com o PSDB. A favor do advogado, aliados de Bolsonaro disseram que ele reduziu o número de cargos políticos, enxugando a secretaria. Antes de se candidatar pelo Novo nas eleições deste ano, Salles tentou sem sucesso se eleger deputado estadual em 2010 pelo PP.

Grupo de trabalho. O diretor da Embrapa Evaristo de Miranda disse a Bolsonaro e aos futuros ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Agricultur­a, Tereza Cristina, que poderá contribuir com o governo na inteligênc­ia e análise territoria­l.

Ele é o responsáve­l pela criação de um grupo técnico na transição que faz uma radiografi­a da estrutura dos órgãos ambientais do governo e do setor. No próximo dia 5, Miranda entregará a Bolsonaro o resultado do trabalho feito pelo grupo “exclusivo e específico” para cuidar da área. “O grupo trabalhou muito e vai deixar tudo digitaliza­do”, disse. “O que assusta é como o dinheiro não chega aos parques e a outras áreas do meio ambiente.”

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO-7/6/2017 São Paulo. O advogado Ricardo Salles foi secretário estadual do Meio Ambiente na gestão do tucano Geraldo Alckmin

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