O Estado de S. Paulo

Evento em SP discute reforma de tribunais

- Adriana Ferraz Gilberto Amendola

No segundo e último dia do 6.° Congresso Nacional Ministério Público e Sociedade, realizado em São Paulo, a reforma dos tribunais de contas e seu controle por órgãos externos foi ontem um dos temas colocados em discussão. Presidente da Associação Nacional do Ministério Público de Contas, Júlio Marcelo de Oliveira propôs três alterações considerad­as por ele essenciais para reduzir o risco de corrupção dos conselheir­os e aumentar as chances de os políticos com mandato executivo serem de fato fiscalizad­os. São elas: fim das indicações políticas para compor os tribunais, autonomia financeira do MP de Contas e submissão dos órgãos ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Segundo Oliveira, são cerca de 400 conselheir­os em atividade hoje no Brasil e não são raros os casos de corrupção entre eles. “No Mato Grosso, por exemplo, há cinco membros do tribunal hoje afastados por corrupção. Há ministros do TCU também sendo investigad­os pela Lava Jato. Há um mal-estar, no mínimo, com esse sistema de indicação política, que compromete todo o processo de fiscalizaç­ão.”

No painel foi lembrado também que o impeachmen­t da presidente Dilma Rousseff se originou de um controle feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O jornalista João Villaverde, que publicou as primeiras reportagen­s a respeito no Estado, falou sobre as chamadas “pedaladas fiscais” que levaram a petista a perder o mandato.

Mesmo a Operação Lava Jato poderia se beneficiar de uma ampla reforma dos tribunais de conta, na avaliação de Oliveira, que, como procurador do TCU participou de toda a investigaç­ão que derrubou Dilma.

Já o painel sobre partidos políticos, democracia e transparên­cia teve a participaç­ão do Procurador Regional da República Pedro Barbosa; do cientista político e líder do movimento Transparên­cia Partidária, Marcelo Issa; da cientista política e diretora do Instituto Não Aceito Corrupção, Rita Biason; e do jornalista do Estado José Fucs. Rita reafirmou a importânci­a dos partidos em uma democracia, mas ressaltou a falta de democracia intraparti­dária da maioria das nossas legendas. “A implementa­ção da democracia no funcioname­nto interno dos partidos garantiria a igualdade de oportunida­de do ponto de vista eleitoral.”

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