Brasil desiste de sediar evento do clima em 2019
O Brasil anunciou ontem que vai retirar sua candidatura para sediar em 2019 a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-25. O Itamaraty alegou como motivo “dificuldades orçamentárias” e o processo de transição de governo. Em janeiro, assume o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), crítico do Acordo de Paris, contra as mudanças climáticas.
Segundo o comunicado do governo, o País “se viu obrigado” a retirar a candidatura por causa das atuais “restrições fiscais e orçamentárias”. O governo Michel Temer se mostrou interessado em acolher o evento durante a conferência do ano passado, em Bonn, na Alemanha.
À época, o então ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse que isso seria um “marco” no caminho até a implementação do Acordo de Paris, esforço internacional assinado por 195 países em 2015 para conter o aquecimento do planeta.
Naquele ano, o Brasil desempenhou papel importante na costura do acordo. Em nota, o Observatório do Clima, rede de 37 entidades que discutem o aquecimento global, afirmou que a decisão é “lamentável”.
Na campanha, Bolsonaro disse que poderia sair do pacto climático por uma questão de “soberania”. Segundo ele, o País teria de “pagar preço caro” para atender às exigências do acordo. Isso motivou reações contrárias de defensores ambientais e entidades do agronegócio, que temem retaliação de importadores nesse cenário.
Para o cargo de chanceler, Bolsonaro escolheu o diplomata Ernesto Araújo, que descreve a mudança climática como um dogma científico influenciado por uma cultura marxista para favorecer a China. O futuro titular da pasta de Meio Ambiente ainda não foi anunciado. O discurso crítico ao Acordo de Paris é semelhante ao do presidente americano, Donald Trump.
A Conferência do Clima será realizada este ano na Polônia, em dezembro.