O Estado de S. Paulo

Boca ameaça não ir à final ‘sem data’

Conmebol decide que River Plate e Boca Juniors vão atuar fora da Argentina, dia 8 ou 9 de dezembro – São Paulo se ofereceu –, mas clube não aceita

- Assunção

A maior final da história da Libertador­es continua sem dia e local definidos. Após nova reunião com representa­ntes de River Plate e Boca Juniors, ontem, a Conmebol avisou que a segunda partida da decisão será disputada nos dias 8 ou 9 de dezembro, mas fora da Argentina. Isso, é claro, se o Boca comparecer, já que o clube não descarta entrar com recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), em Lausanne, na Suíça, para não ter de jogar.

“Não está na nossa cabeça jogar mais uma final. O Boca vai esgotar todas as instâncias administra­tivas e, se tivermos que ir ao CAS, faremos isso”, afirmou Daniel Angelici, presidente do Boca, durante entrevista coletiva em Luque, no Paraguai, ao lado de Rodolfo D’Onofrio, presidente do River, e Alejandro Domínguez, mandatário da Conmebol.

A entidade bate o pé em realizar o jogo e, como ele será fora da Argentina, ontem surgiram alguns candidatos. Entre eles a cidade de São Paulo. À noite, o secretário de Esportes e Lazer do município, João Farias, enviou carta ao secretário-geral da CBF, Walter Feldman, oferecendo a cidade para receber a decisão. Não indicou, porém, nenhum estádio.

Os gestores do Mineirão, em Belo Horizonte, colocaram ontem o estádio à disposição para receber a partida sem custos para os clubes e a Conmebol. Miami, Doha e Abu Dabi também foram cogitadas.

A final da Libertador­es deveria ter sido realizada no último sábado, no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, mas um ataque da torcida do River ao ônibus do rival acabou impedindo a realização do jogo, transferid­o para o dia seguinte, quando o horário de início do duelo acabou adiado duas vezes antes de se decidir que as equipes não entrariam em campo.

O apedrejame­nto do ônibus do Boca provocou lesões na região dos olhos de dois jogadores, os meias Pablo Pérez, que é o capitão do time, e Gonzalo Lamardo. Além disso, outros atletas passaram mal, pois um artefato contendo gás pimenta também foi atirado no veículo, torcedores do River entraram em confronto com a polícia e invadiram o Monumental.

Em tese, a reunião de ontem

serviria para definir um novo dia e local. Mas, além de deixar a data em aberto, a entidade máxima do futebol no continente não confirmou onde os times medirão forças pela taça. A única certeza, ao menos pelo que foi dito por Domínguez via comunicado, é de que “a partida da volta da final da Copa Libertador­es será disputada entre os dias 8 e 9 de dezembro, em horário e sede ainda a serem definidos pela administra­ção da Conmebol assim que possível”.

Após divulgar o comunicado, o próprio dirigente anunciou que “a partida será jogada fora do território da Argentina”, por falta de segurança no país.

A entidade responsáve­l pela gestão do futebol sul-americano garantiu que pagará os custos com as viagens dos times, assim que ficar definido onde a partida será disputada. “A Conmebol vai arcar com os gastos de hotel, viagens, alimentaçã­o e transporte interno para até 40 integrante­s de cada delegação.”

Punição. Ainda há a possibilid­ade de que essas decisões sejam afetadas por eventuais punições aplicadas ao River Plate, que foi denunciado pela entidade ontem. O Tribunal Disciplina­r da Conmebol vai julgar o caso, mas não há data definida.

O presidente do Boca disse que o tribunal não pode deixar de punir o River. “Você não pode esperar para quebrar a cabeça ou alguém perder a vida para tomar uma atitude”, afirmou Angelici. Ele expressou a sua discordânc­ia com o anúncio de Dominguez para definir eventuais datas para a final. “Não estou feliz com a decisão.”

Vale lembrar que o primeiro Supercláss­ico argentino válido pela final terminou empatado por 2 a 2, na Bombonera, em Buenos Aires, no último dia 11.

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NORBERTO DUARTE / AFP Sem destino. Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, tenta explicar as incertezas sobre a decisão da Libertador­es

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