O Estado de S. Paulo

Torneio tem sua edição mais polêmica

Competição é marcada por problemas fora e dentro de campo e sua organizaçã­o fica em xeque por várias vezes

- Rafael Franco

Os episódios de violência ocorridos sábado antes do jogo entre River Plate e Boca Juniors e os seguidos adiamentos do confronto foram o capítulo mais recente, e mais grave, de uma Copa Libertador­es que, por diversos motivos, pode ser considerad­a a mais polêmica da história da competição.

O torneio está sendo marcado por confusões desde as oitavas de final, quando o Santos foi eliminado por causa da escalação irregular do meio-campista Carlos Sánchez no confronto de ida do mata-mata com o Independie­nte, na Argentina – em campo, o jogo ficou 0 a 0.

Após a partida, o clube argentino protocolou reclamação na Conmebol, alegando que o uruguaio, na época recém-contratado pelo Santos, ainda tinha um jogo de suspensão a cumprir na Libertador­es, referente a uma expulsão de 2015, quando ele era do River Plate. O Santos, porém, garantiu que o sistema eletrônico da entidade classifica­va Sánchez como apto a atuar.

A Conmebol puniu o time brasileiro com uma derrota por 3 a 0 no mesmo dia do confronto de volta (28 de agosto) que os times fizeram no Pacaembu e que também terminou 0 a 0.

A punição deixou o clima tenso no estádio e, aos 35 minutos do segundo tempo, alguns torcedores atiraram bombas, grades e cadeiras no campo e tentaram invadir o gramado. Com isso, o juiz optou, por medida de segurança, por encerrar o jogo.

A Conmebol ainda foi conivente com situações irregulare­s de jogadores de River Plate e Boca Juniors. Integrante do River, o meia Bruno Zuculini atuou de forma irregular nos sete primeiros jogos da Libertador­es, pois precisaria ter cumprido duas partidas de suspensão por uma expulsão em 2013, quando defendia o Racing, em jogo com o Lanús, pela Copa Sul-Americana.

Ao justificar a não punição ao River, a Conmebol alegou que não houve denúncia de irregulari­dade dentro do prazo estipulado pelo seu regulament­o e, com isso, não poderia sancionar o clube com perda de pontos. A entidade se limitou a pedir que o atleta cumprisse as duas partidas restantes de suspensão no duelo de volta das oitavas de final e no jogo de ida das quartas.

Pelo lado do Boca, o atacante Ramón Ábila havia sido punido com suspensão de três jogos após ser expulso na final da Copa Sul-Americana de 2015, quando defendia o Huracán. Entretanto, ele só cumpriu uma dessas partidas, na Libertador­es de 2016, e ainda tinha mais uma a cumprir este ano – foi anistiado em um jogo –, mas isso só ocorreu no duelo de ida das quartas de final, contra o Cruzeiro.

O time cruzeirens­e, por sinal, foi prejudicad­o pela arbitragem justamente naquela partida, disputada na Bombonera. No segundo tempo, o zagueiro Dedé foi expulso de maneira injusta após acertar uma cabeçada não intenciona­l no goleiro do Boca. O cartão vermelho só foi aplicado após a utilização do recurso de vídeo, em decisão que deixou perplexos até mesmo os jogadores do time argentino.

Na ocasião, a equipe da casa já vencia o jogo e, com um homem a mais, ampliou para 2 a 0 e levou ótima vantagem para o Mineirão. Após protesto do Cruzeiro, a Conmebol anulou o cartão vermelho e liberou o defensor para atuar na partida de volta, mas o estrago já estava feito.

A Conmebol também deixou de punir o River após o técnico Marcelo Gallardo trabalhar de forma irregular no jogo de volta da semifinal contra o Grêmio, em Porto Alegre. Mesmo suspenso, ele usou um rádio para se comunicar com o auxiliar que trabalhava na beira do campo, saiu da tribuna onde estava e foi até o vestiário da equipe argentina no intervalo da partida. Gallardo foi novamente suspenso, mas o River se livrou.

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ALEJANDRO PAGNI/AFP Vale-tudo. Gallardo ignorou punição, mas River se safou

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