Gestão e foco recuperam Caixa
Em encontro realizado na sede do Secovi-SP (23/11), o presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Souza, contou aos associados da entidade como conseguiu recuperar a instituição para cumprir o acordo de Basileia, assegurar lucro e, principalmente, manter as operações de crédito imobiliário: gestão e foco.
“A Caixa tem uma missão social e de futuro. Fizemos ajustes profundos e a perfeita gestão de ativos e passivos. Com isso, estamos acima das exigências da Basileia. Hoje, nesse quesito, superamos os bancos que operam no País”, disse, adicionando que o atual resultado financeiro marca a história da instituição.
Souza destacou a grande parceria mantida com o Secovi-SP. “Trabalhamos juntos em várias frentes. Por 30 anos, o Secovi defendeu linha de crédito para as empresas produtoras de lotes urbanizados. Conseguimos fazer o Produlote. Ainda não é perfeito. Ajustes vêm sendo solicitados. Mas, pelo menos, temos o programa.”
Para o presidente da Caixa, que hoje responde por quase 70% das operações de crédito imobiliário no País, é imprescindível que os financiamentos tenham sustentação. “Uma linha ascendente, ainda que suave, para evitar oscilações que comprometem a oferta de habitações”, afirmou.
Quanto ao futuro, Nelson de Souza mostrou-se preocupado com os ‘ataques’ aos recursos do FGTS. “Existem diversos projetos. Querem dinheiro do Fundo até para financiar barco a vapor. Conter esse processo é indispensável para garantir a moradia”, alertou.
Em documento para o próximo governo, o dirigente consolidou várias propostas. Dentre elas, recomenda mudança pontual no Programa Minha Casa, Minha Vida. “Para atender as famílias de menor renda, poderíamos transferir parte da demanda na faixa 1 para a faixa 1,5. O funding para a operação da faixa 1,5 seria meio a meio, 50% do FGTS e 50% da poupança, com o que seria possível financiar imediatamente um milhão de residências.”
Defensor de mudanças estruturais, Souza assegurou que a Caixa vai operar com a Letra Imobiliária Garantida (LIG), impulsionando outros agentes financeiros a fazerem o mesmo.
Questionado por Rodrigo Luna, vice-presidente de Habitação do Secovi-SP, sobre as perspectivas do crédito imobiliário da Caixa nos próximos anos (“Previsibilidade é insumo básico de nosso mercado”, disse), Souza afirmou que a instituição tem condições de operar regularmente nos próximos dois anos. Para ir além com segurança, ele recomenda diminuir a dependência da poupança e do FGTS. “Por que não trazer capital externo para habitação? Isso é possível.”
Para Flavio Amary, presidente do Secovi-SP, Nelson de Souza marca a história do setor por sua determinação em promover a moradia. “Esperamos que, agora (e mais uma vez), a Caixa continue ajudando o mercado a combater o déficit habitacional, dispensando especial atenção às pequenas e médias incorporadoras no concernente a juros e exigências, ajudando-as a fazer a travessia rumo ao reequilíbrio.”