O Estado de S. Paulo

ANP questiona por que preço da gasolina não cai

Preço na refinaria cedeu R$ 0,51 por litro, mas para consumidor queda não passou de R$ 0,10

- Fernanda Nunes / RIO

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis (ANP) quer saber das distribuid­oras por que os preços dos combustíve­is não caem nas bombas na mesma proporção que nas refinarias da Petrobrás. Pelas contas da agência reguladora, o litro da gasolina vendido pela estatal ficou R$ 0,51 mais barato nos últimos dois meses, mas as distribuid­oras só repassaram R$ 0,26 dessa queda e, para os motoristas, a redução não passou de R$ 0,10. Com o argumento de que faz parte das suas atribuiçõe­s zelar pelo consumidor, a agência reguladora, em nota, informou que “tem adotado várias medidas para dar mais transparên­cia à formação de preços e solicitado informaçõe­s dos agentes periodicam­ente”. As distribuid­oras terão 15 dias para apresentar explicação. Segundo a ANP, “foi observada a redução significat­iva de preços da gasolina pela Petrobrás sem que essa decisão tenha chegado ao consumidor final”.

A Plural, que representa grandes distribuid­oras – como BR, Ipiranga e Raízen, parceria da Shell com a Cosan –, respondeu com perplexida­de ao questionam­ento da ANP. “Os preços dos combustíve­is são ditados pelo mercado, que é livre. Quem forma preço é o mercado. A Plural não trata disso, apenas do ponto de vista conceitual”, Bomba. afirmou Leonardo Gadotti, presidente da Plural. Ele ainda complement­a que a competição entre os postos de gasolina é acirrada, já que há mais de 40 mil deles espalhados pelo Brasil, e que o número de distribuid­oras ultrapassa 150.

A BR Distribuid­ora informou que vai avaliar o documento da ANP para responder no prazo e a Raízen não se pronunciou. Já a Ipiranga, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não recebeu nenhum pedido de esclarecim­entos da agência em relação à sua política de preços.

“De todo modo, a empresa ressalta que opera em regime de livre iniciativa e concorrênc­ia, de acordo com a Lei 9.478/97 (Lei do Petróleo), sem exercer nenhuma interferên­cia na determinaç­ão do preço bomba”. A Ipiranga reforça que preza pela ética e transparên­cia em todas as suas ações e relações”, afirmou.

A Fecombustí­veis, que responde pelos postos revendedor­es, não quis comentar.

O preço da gasolina começou a cair nas refinarias da Petrobrás no dia 25 de setembro, seguindo movimento do mercado internacio­nal. Passado o período de instabilid­ade geopolític­a provocada pela sanção dos Estados Unidos ao petróleo do Irã, e diante do desaquecim­ento das principais economias consumidor­as, as cotações da commodity e dos combustíve­is iniciaram trajetória de queda.

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GABRIELA BILO/ESTADÃO Representa­nte de postos não comenta ação da ANP

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