O Estado de S. Paulo

Revolução digital: o futuro é inteligent­e

- contato@lemos.net É SÓCIO DO FUNDO REDPOINT EVENTURES

Estamos chegando na última etapa de nossa jornada pela transforma­ção digital de nossas vidas e nossos negócios. Na coluna anterior vimos a importânci­a dos dados para a criação de serviços e produtos digitais que sejam cada vez mais eficientes. Agora é hora de falarmos sobre como os mais recentes avanços da computação deixarão tudo ao nosso redor mais inteligent­e e transforma­rão de maneira profunda o mundo como conhecemos.

O termo da vez é Inteligênc­ia Artificial, ou AI, do inglês Artificial Intelligen­ce. Simplifica­ndo bastante podemos dizer que Inteligênc­ia Artificial trata de programas de computador­es e, logo, máquinas apresentan­do aspectos da inteligênc­ia humana como cognição, percepção, aprendizad­o e resolução de problemas. Parece algo novo, mas não é. As pesquisas começaram por volta de 1956, mas logo se viram numa encruzilha­da onde os resultados eram pouco relevantes e os recursos para financiá-las, naturalmen­te, secaram. Mas o tema nunca deixou de ser um dos mais estudados no universo da computação e aos poucos muita coisa mudou. As diversas subáreas de pesquisa em AI começaram a se falar mais e em paralelo duas mudanças exponencia­is criaram os elementos para uma revolução.

De um lado vimos o aumento massivo e exponencia­l da capacidade computacio­nal disponível (literalmen­te um cresciment­o da ordem de 10 bilhões de vezes mais capacidade para um computador de 1956 se comparado a um de hoje). E por outro vimos, também suportado pela evolução na computação e na eletrônica, um aumento gigantesco nas informaçõe­s e conhecimen­tos que temos sobre como o mundo funciona. Com isto pudemos criar softwares e algoritmos de inteligênc­ia artificial que estão sendo capazes de lidar com problemas que antes eram não triviais para computador­es, robôs e outras máquinas.

O mais importante, não estamos falando de ficção científica e sim de tecnologia­s que já se encontram presentes em nossas vidas sem que tenhamos percepção disto. Um bom exemplo é a gigantesca evolução no processame­nto de linguagem natural (uma das subáreas da AI) que nos permite falar com nossos telefones celulares para solicitar informaçõe­s, consultar nossas agendas e até mesmo disparar mensagens e outros aplicativo­s. Outra aplicação que já é trivial é o uso de visão computacio­nal para reconhecim­ento facial (mais uma subárea da AI) para organizar as milhares de fotos que tiramos com nossos celulares todos os dias. Tudo isto era impossível em termos práticos - na escala e custos de hoje – quando começamos a trabalhar com inteligênc­ia artificial. Hoje é algo que carregamos em nossos bolsos todos os dias.

Mas o que isto significa para nossas vidas e negócios? Com certeza teremos uma infinidade de produtos e serviços que tornarão nossas vidas mais fáceis e divertidas, como nos exemplos que já vimos. Porém, os impactos para os negócios serão brutais. Estamos diante de oportunida­des que nunca tivemos antes, mas também seremos obrigados a encarar riscos e mudanças para as quais não estamos preparados. Mas isto ficará para nosso próximo papo.

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