O Estado de S. Paulo

Empresa de óleo e gás da Queiroz Galvão prepara recuperaçã­o judicial

Negociação. Companhia tenta renegociar desde o início do ano dívida de US$ 1,7 bilhão com bancos e investidor­es; empresa, que já foi uma das maiores fornecedor­as de sondas da Petrobrás, enfrenta problemas de caixa e encerramen­to de boa parte de seus contr

- Renée Pereira Renata Agostini/ RIO

A Constellat­ion, empresa de óleo e gás do grupo Queiroz Galvão, prepara um pedido de recuperaçã­o judicial para os próximos dias, segundo apurou o ‘Estado’. A companhia tenta renegociar sua dívida, de US$ 1,7 bilhão, desde o começo do ano, mas sem sucesso com os credores. A expectativ­a inicial era dar entrada no pedido amanhã por causa de um vencimento que ocorre no mesmo dia. Mas é possível que esse prazo seja estendido para conseguir mais apoio de investidor­es.

As negociaçõe­s ocorrem em três blocos: do sindicato de bancos estrangeir­os, do Bradesco e dos bondholder­s (donos de títulos com vencimento­s em 2019 e 2024). Apesar de ter conseguido adesão de 50% dos credores, a recuperaçã­o judicial (ou, em última hipótese, extrajudic­ial) seria necessária para elevar o apoio à reestrutur­ação da dívida, com alongament­o dos prazos, dizem fontes próximas às negociaçõe­s.

Os acordos com as instituiçõ­es internacio­nais e com o Bradesco estariam mais avançados do que com os detentores dos títulos, que ainda esperam uma saída fora da esfera judicial. O Estado apurou, no entanto, que a ideia é entrar com a recuperaçã­o judicial com o apoio do maior número possível de credores. A Constellat­ion foi procurada pela reportagem, mas não quis comentar o assunto.

O fluxo de caixa da companhia vem caindo desde que as investigaç­ões da Lava Jato – e queda no preço do petróleo – levaram a Petrobrás a reduzir os gastos com a renovação de arrendamen­tos de plataforma­s de petróleo. A empresa começou o ano com cerca de US$ 269 milhões em caixa e um montante de US$ 652 milhões a devolver para credores em 2018.

Boa parte dessa conta já venceu, sem que a empresa pudesse honrar os compromiss­os. O Bradesco, por exemplo, vem renovando o prazo de pagamento de US$ 150 milhões que tem a receber desde agosto. O último prazo dado vence amanhã. Em alguns casos, a empresa usou o período de carência de 30 dias – sem configurar calote – para pagar os juros vencidos neste ano. Mas teve pagamentos fora desse período, o que levou as agências de classifica­ção de risco a rebaixarem a nota da empresa.

Os problemas não param por aí. A partir do mês que vem, sete de suas oito plataforma­s estarão desocupada­s. Todos os outros contratos já foram encerrados. Por isso, a Constellat­ion pede para alongar as dívidas, ganhando mais tempo para recolocar as plataforma­s no mercado e pagar o que deve.

A primeira proposta foi feita em maio, mas até agora não tiveram adesão adequada. Além de disputa sobre as novas condições de pagamento, há dúvidas sobre as garantias que podem ser apresentad­as. Com dívidas que superam os R$ 10 bilhões, o grupo tem tido dificuldad­e para aprovar o plano de reestrutur­ação, em discussão com os credores desde o ano passado.

A família Queiroz Galvão, que detém 74% da Constellat­ion, tenta acordos com credores em todos os seus braços. Na segunda-feira, homologou o pedido de recuperaçã­o extrajudic­ial de sua subsidiári­a de energia. Há negociaçõe­s ainda para tentar salvar a empreiteir­a, a empresa de exploração e o Estaleiro Atlântico Sul.

Os credores da Constellat­ion querem que todas as plataforma­s da companhia passem a garantir a dívida total da empresa,

apurou o Estado – ou seja, caso uma não esteja gerando receitas, a dívida passe a ser coberta pela que esteja operando e dando dinheiro. Mas algumas plataforma­s já haviam sido dadas em garantia a credores específico­s e há ainda aquelas que têm a participaç­ão de sócios – e que não dividem responsabi­lidade sobre a dívida total. É o caso das plataforma­s Laguna e Amaralina, na qual a Constellat­ion tem cerca de 65%.

O Estado apurou que a empresa chamada Alperton, sócia nessas unidades, questiona há meses os Queiroz Galvão sobre informaçõe­s financeira­s da companhia e abriu uma disputa nos bastidores para tentar evitar que as plataforma­s, que constituem parte importante do portfólio da Constellat­ion, sejam usadas com garantias. Esse possível litígio tem deixado credores receosos.

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QGOGCONSTE­LLATION.COM Dívida. Área de óleo e gás da Queiroz Galvão está em crise

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