Abilio Diniz presta depoimento sobre BRF
O empresário Abilio Diniz prestou depoimento ontem, por quase três horas, na Polícia Federal, em Curitiba, após ter sido indiciado na Operação Trapaça, que apura fraudes na BRF, dona da Sadia e Perdigão. O empresário e outras 42 pessoas foram indiciadas por estelionato, organização criminosa, crime contra saúde pública e falsidade ideológica, em 15 de outubro, e pode ser denunciado formalmente pela Procuradoria-Geral da República à Justiça Federal.
Abílio chegou à PF um pouco antes das 11h, acompanhado dos advogados criminalistas Alberto Zacharias Toron e Celso Vilardi. Ele deixou o prédio – sede também da Operação Lava Jato, onde está preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – por volta das 15h, sem dar entrevistas. Em seu depoimento, Abílio respondeu a todas as perguntas da PF e pontuou sua versão para as suspeitas que o ligam indiretamente ao caso.
“Foi muito bom o depoimento. O delegado deu ampla liberdade, e Abílio expôs coisas que até então ou não tinham ficado claras ou não havia uma compreensão sobre elas. O delegado entendeu muito bem”, afirmou o criminalista Alberto Zacharias Toron, um dos defensores do empresário.
A Trapaça, desdobramento da Carne Fraca, foi deflagrada em março deste ano. A operação investiga um suposto esquema de fraudes descoberto na empresa BRF, maior exportadora global de frango, para burlar as fiscalizações do Ministério da Agricultura.
O depoimento de Abilio Diniz nessa fase de inquérito antecede a decisão do Ministério Público Federal de denunciar ou não os alvos da Trapaça indiciados pelo delegado Maurício Moscardi Grillo. Entre os indiciados estão o ex-presidente global da BRF Pedro de Andrade Faria e outros executivos da companhia. Diniz não foi alvo de medidas cautelares, como prisão ou condução coercitiva, na operação.
Procedimento. A procuradora da República Lyana Helena Joppert Kalluf vai decidir se denuncia os envolvidos com o suposto esquema de fraudes nas unidades da BRF. No relatório final do inquérito, a PF afirma que um esquema de fraudes nas unidades da BRF tinha como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, e as fiscalizações de qualidade do processo industrial da empresa. As investigações concluíram que a prática das fraudes contava com a anuência de executivos do grupo, bem como de seu corpo técnico.
A BRF iniciou uma ofensiva para acelerar seu acordo de leniência (espécie de delação preimiada para as empresas) e está contatando os executivos que foram indiciados nas operações Carne Fraca e Trapaça para que se tornem colaboradores.