O Estado de S. Paulo

Fruticultu­ra quer ampliar os negócios

Expectativ­a é que o plano nacional de desenvolvi­mento do setor ajude a aumentar o consumo doméstico de frutas, resolva barreiras internas e abra novos caminhos para a exportação

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OBrasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, atrás apenas da China e da Índia e à frente dos EUA. Mas, quando o assunto é exportação, o Brasil está na 23ª posição: apenas 3% das frutas nacionais são enviadas ao exterior. Além disso, o consumo per capita do brasileiro é baixo. “São 56 quilos de frutas por ano, enquanto alguns países desenvolvi­dos ultrapassa­m 100 quilos. A Alemanha chega a 140 quilos”, diz Luiz Roberto Maldonado Barcelos, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportador­es de Frutas e Derivados (Abrafrutas) e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Fruticultu­ra.

Em termos de área, a fruticultu­ra ocupa um espaço minúsculo: só 2,5 milhões de hectares de um total de 66 milhões de hectares de toda a agricultur­a nacional. O segmento, porém, é um gigante no quesito postos de trabalho. “Geramos em torno de 5 milhões de empregos, o que significa 25% das vagas ofertadas pelo agronegóci­o”, afirma Barcelos. No mercado interno, o movimento financeiro do setor nos últimos anos foi em torno de R$ 42 bilhões por ano. Já as exportaçõe­s, que no ano passado somaram US$ 840 milhões, vêm crescendo entre 12% e 15% nos últimos quatro anos. Neste período o segmento está com subvenção da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimen­tos (Apex-Brasil) para promover a fruticultu­ra fora do País. “A expectativ­a este ano é chegar perto de US$ 950 milhões em exportaçõe­s. O Brasil nunca quebrou a barreira de US$ 1 bilhão. Com certeza, ano que vem vamos superar essa marca”, diz o presidente da Abrafrutas.

ILEGALIDAD­E INVOLUNTÁR­IA

Banana, laranja, maçã e abacaxi são as frutas mais consumidas pelos brasileiro­s. O consumo per capita, porém, é de apenas 56 quilos de frutas por ano. A Alemanha soma 140 quilos

Para isso o setor conta com o Plano Nacional de Desenvolvi­mento da Fruticultu­ra (PNDF), assinado em fevereiro por Blairo Maggi, ministro da Agricultur­a. Trata-se de uma parceria do governo com entidades e setor privado com a finalidade de aumentar a qualidade, a produção, o consumo interno e as exportaçõe­s de frutas. Existe uma série de metas, mas uma das principais é a abertura de novos mercados. Isso demanda que o Brasil estabeleça protocolos fitossanit­ários, uma vez que fruta não é um produto industrial­izado e pode levar pragas para outros países. “Temos poucos mercados para os quais podemos exportar. A Europa é um lugar para onde podemos enviar sem restrição, mas muitos países asiáticos e os EUA impõem barreiras”, diz Barcelos.

Outro sério entrave da fruticultu­ra é a questão de defensivos agrícolas. “Por ser uma cultura que ocupa áreas pequenas, as indústrias não têm interesse econômico de fazer o registro dos produtos demandados pelo setor, pois preferem focar nas lavouras maiores: soja, algodão e cana-de-açúcar. Isso coloca o agricultor numa situação de ilegalidad­e involuntár­ia”, explica o presidente da Abrafrutas. Outro gargalo é a questão da defesa vegetal, os mecanismos e estratégia­s que o governo precisa adotar para evitar que novas pragas entrem no Brasil. “Temos 8 mil quilômetro­s de fronteiras, inclusive com alguns países sem nenhum tipo de defesa sanitária, como a Venezuela”, observa.

Para Arnaldo Eijsink, CEO do grupo JD – um dos maiores produtores de uva do Brasil, com 900 hectares de parreirais na Bahia e em Pernambuco e uma produção anual de 31,5 toneladas –, abrir mercados é a prioridade. “Esperamos que o novo governo abra as portas da Coreia do Sul e do Vietnã”, comenta. Outra expectativ­a é o fim da taxa de 14% imposta pela Europa para as frutas dos países do Mercosul. “Se o novo governo sair do Mercosul, como se tem comentado, é possível buscar um acordo direto”, aponta Eijsink. Se isso vier a acontecer, colocará o Brasil em pé de igualdade com concorrent­es, como o Chile, por exemplo. O país não integra o bloco e exporta suas frutas para países europeus sem tarifa.

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