FALAR A LÍNGUA DO PRODUTOR
O maior desafio das agrotechs é convencer o produtor de que vale a pena investir nas tecnologias e serviços ofertados. Quanto mais disruptiva é a inovação, maior a dificuldade de penetração. São poucos os “early adopters”, aqueles agricultores dispostos a mexer no que está dando certo em busca de algo ainda melhor. Este cenário levou o Parque Tecnológico de São José dos Campos (PqTec) a desenvolver uma metodologia específica para a inserção das inovações geradas por empresas incubadas e startups do núcleo voltado ao agronegócio. “Não basta entender a demanda, desenvolver e oferecer goela abaixo”, diz a engenheira agrônoma Giane Santos, coordenadora de Projetos do PqTec.
O caminho adotado foi criar um piloto batizado de Fazenda 5.0 em parceria com a Qualicitrus, uma revenda de insumos agrícolas, com 11 lojas pelo Brasil e 4 mil clientes ativos. “Para vender é preciso falar o linguajar do produtor, buscar pessoas em quem ele confie”, explica Santos. Na primeira fase, o projeto integra soluções de três empresas do PqTec.
A Squitter entra com conhecimento na área de meteorologia por meio da instalação de sensores pluviométricos e análise das informações geradas, o que melhora a eficiência e resulta em economia de água e energia para irrigação. A Kersys colabora com a plataforma de gestão, que permite gerenciar gastos, investimentos e produtividade, gerando um histórico para facilitar decisões futuras. A Agronow, por sua vez, contribui com indicadores de previsão de safra e mapas de produtividade via satélite.
A Qualicitrus comprou a ideia e ofertou a um grupo seleto de clientes, sete produtores que juntos reúnem cerca de 5 mil hectares na região de Porto Ferreira (SP). “O objetivo é observar o desenvolvimento do projeto, a viabilidade das tecnologias para a nossa realidade, os resultados que elas trarão, para depois ofertar o serviço aos demais clientes”, diz a agrônoma Maísa Nogueira, gerente de Marketing do Grupo Qualicitrus. O projeto começou em agosto e deve ter os primeiros resultados em dezembro. “Queremos chamar outros produtores e mostrar como essas tecnologias tornam o agronegócio mais eficiente”, finaliza Santos.