O Estado de S. Paulo

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Presidente do Senado articula mudanças no projeto que viabiliza megaleilão de pré-sal para dividir recursos com governador­es e prefeitos

- Adriana Fernandes Renan Truffi Gustavo Porto / BRASÍLIA

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), acionou um plano B para dividir com Estados e municípios a arrecadaçã­o de até R$ 100 bilhões do megaleilão do présal, que ainda precisa ser destravado no Congresso para ocorrer no ano que vem. O plano B é uma tentativa de driblar a resistênci­a da equipe econômica de Michel Temer ao repasse para prefeitos e governador­es.

Eunício articulou com o senador Wellington Fagundes (PRMT) a apresentaç­ão de três emendas ao projeto que viabiliza o leilão. A principal, que tem mais chances de ser aprovada, divide os recursos do bônus de assinatura do leilão em 75% para a União, 15% para Estados e outros 15% para municípios. Essa emenda tem apoio da Confederaç­ão Nacional dos Municípios (CMN).

A votação do projeto, prevista para ontem, acabou sendo cancelada depois que o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, avisou ao Palácio do Planalto que não assinaria “de jeito nenhum’’ a Medida Provisória (MP) que estava sendo negociada pelo presidente do Senado e o líder do governo, senador Romero Jucá (MDB-RR) para partilhar 20% da arrecadaçã­o entre Estados e municípios.

A informação foi antecipada pelo Broadcast/Estadão. A expectativ­a agora é que o projeto seja votado na próxima terça-feira. Se for aprovada alguma emenda, o texto precisa voltar para a Câmara.

Sem esse novo acerto dos parâmetros do contrato, não é possível fazer o leilão da concessão de exploração do óleo excedente que existe na área da cessão onerosa. O contrato original, assinado em 2010 entre o governo e a Petrobrás, permitiu a exploração de até 5 bilhões de barris de óleo equivalent­e na área do pré-sal, mas a região tem um volume superior.

Jucá chegou a anunciar em entrevista na terça-feira, no Congresso, o fechamento de um acordo, mas nenhuma costura havia sido feita com a equipe econômica. O ministro Guardia já havia alertado para a dificuldad­e em fechar o acordo por conta da impossibil­idade de fazer o repasse dos recursos sem afetar o Orçamento de 2019. Isso porque a transferên­cia de recurso teria de ser contabiliz­ada como despesa orçamentár­ia.

Impasse. Pela negociação que estava sendo conduzida por Jucá e Eunício no Congresso à revelia da área econômica, a edição da MP era necessária para garantir a votação do projeto no Senado. Diante da resistênci­a de Guardia, o Palácio do Planalto foi obrigado a marcar uma reunião para discutir o problema antes do horário marcado da votação. A reunião teve a participaç­ão de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia no governo Jair Bolsonaro.

Uma fonte que participou da reunião informou ao Estadão/Broadcast que o impasse continua. A análise jurídica é de que não é possível fazer o repasse sem afetar o teto, a regra que proíbe que os gastos cresçam acima da inflação. A despesa só poderia ficar fora do teto com uma mudança na emenda constituci­onal que criou o teto de gasto.

Na reunião, segundo a fonte, Guedes entendeu a dificuldad­e de repartir o dinheiro via MP e deixou claro que não vai fazer nada para prejudicar o teto de gastos. Na saída, reconheceu o impasse. “Está difícil. A forma de fazer aparenteme­nte ameaça teto de gastos. Tem uma série de consequênc­ias que não são simples para o próximo governo”, afirmou Guedes. “Parece que vão passar uma semana discutindo isso.”

Segundo ele, há uma disposição para a votação do projeto, “porque temos a concepção de que todo mundo está com problema, Estados, municípios, federação e, evidenteme­nte, qualquer coisa que pudesse ser compartilh­ada, seria compartilh­ada”. No entanto, a forma de distribuiç­ão da receita “aparenteme­nte não é trivial”, disse.

“Está difícil. Aparenteme­nte ameaça o teto de gastos. Tem consequênc­ias que não são simples para o próximo governo.” Paulo Guedes

FUTURO MINISTRO DA ECONOMIA

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADAO-13/11/2018 ?? Disputa. Plano de Eunício enfrenta resistênci­a da Fazenda
DIDA SAMPAIO/ESTADAO-13/11/2018 Disputa. Plano de Eunício enfrenta resistênci­a da Fazenda

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