O Estado de S. Paulo

Medida causou mal-estar diplomátic­o

- Jamil Chade CORRESPOND­ENTE / GENEBRA

A decisão do Brasil de não sediar a Conferênci­a do Clima (COP) em 2019 criou um malestar diplomátic­o e obrigou a Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) a se apressar para procurar um novo país disposto a receber o evento.

Costurado ao longo do ano, o acordo que previa que o Brasil sediasse a COP-25 seria anunciado na COP-24, na Polônia, onde estarão 50 chefes de Estado. A conferênci­a é realizada de forma alternada nos continente­s e em 2019 será na América Latina.

O presidente Michel Temer havia se mostrado interessad­o em acolher o evento em 2017, em Bonn. Na época, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse que o fato seria um “marco” no caminho até a implementa­ção do Acordo de Paris. Como o Brasil havia conseguido apoio dos outros países a ONU não tem plano B.

Agora, a entidade corre para encontrar uma solução, enquanto governos estrangeir­os criticam, nos bastidores, a postura do Brasil. Apesar de o Itamaraty ter alegado razões financeira­s e de transição de governo, representa­ntes da ONU ouvidos pelo Estado não acreditam nos argumentos.

Em condição de anonimato, um membro do alto escalão da entidade afirmou que a decisão é um sinal do que deverá ser a política de meio ambiente do novo governo brasileiro. Ele destacou que o Brasil é reconhecid­o por manter os compromiss­os assumidos e que a medida é uma quebra dessa postura.

Oficialmen­te, a ONU adotou um tom técnico. “Sediar a COP é um compromiss­o logístico e financeiro significat­ivo”, disse o vice-secretário executivo da entidade, Ovais Sarmad. “A oportunida­de de servir de sede respeita uma rotação entre os cinco grupos regionais. É a vez do Grupo da América Latina e Caribe (Grulac) de sediar a conferênci­a em 2019”, disse.

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