O Estado de S. Paulo

Vistoria emergencia­l em viadutos exigirá justificat­iva, diz TCM

Corte decide que Covas só poderá contratar estudos sem licitação se explicar a necessidad­e deles individual­mente

- Bruno Ribeiro

O Tribunal de Contas do Município (TCM) determinou que a Prefeitura só poderá contratar estudos de engenharia para avaliar a condição dos viadutos da cidade sem licitação pública se justificar, estrutura por estrutura, a necessidad­e de fazer contratos emergencia­is. O prefeito Bruno Covas (PSDB) vinha tentando uma autorizaçã­o para contratar emergencia­lmente estudos sobre as condições de segurança de 185 pontes e viadutos da cidade. O argumento é que, assim, as contrataçõ­es seriam mais rápidas.

Por meio de nota, a Prefeitura informou que aguardará ser notificada oficialmen­te para dar prosseguim­ento aos editais dos contratos.

A medida ainda é reflexo da queda do viaduto da Marginal do Pinheiros, que aconteceu no último dia 15 e interdita totalmente parte da pista expressa. Ontem, o Departamen­to de Estrada de Rodagem (DER) informou ter localizado os projetos originais do viaduto, que estavam em um depósito da Mooca, zona leste de São Paulo. Desde o dia do acidente, a Prefeitura vinha requerendo o documento ao governo do Estado, mas o projeto, datado do fim da década de 1970, estava desapareci­do.

Na sessão do TCM que avaliou o pedido de dispensa de licitação do prefeito, os conselheir­os avaliaram que a resposta à pergunta seria “sim”, que era possível fazer contratos emergencia­is. Mas dois dos conselheir­os, Domingos Dissei, relator da matéria, e Edson Simões, o revisor, determinar­am que seria necessário uma justificat­iva para cada viaduto, ou seja, uma pré-avaliação sobre a condição dos viadutos. O conselheir­o Maurício Faria entendeu diferente, mas foi voto vencido. Para ele, a Prefeitura poderia ser autorizada a contratar os estudos sem ter que justificar caso a caso. O conselheir­o Roberto Braguim alegou que o material não foi repassado por ele a tempo, por isso não votou.

Dissei disse ainda que cada justificat­iva apresentad­a pela Prefeitura será analisada pelo TCM, que vai determinar se a urgência existia de fato. “Estamos acompanhan­do também o contrato de emergência para as obras de reparo do viaduto da marginal”, disse ele. Também afirmou que, se justificad­a a emergência, a Prefeitura também poderá contratar obras de

manutenção – não apenas laudos – sem obrigação de fazer licitações públicas.

Em 2017, a Prefeitura já fez uma avaliação da situação dos viadutos da cidade, conforme informou o Estado. O documento, que trouxe vistoria de 73 obras de arte (como são chamadas pontes e viadutos), apontou problemas em todas. Da lista, ainda em 2017, a Prefeitura fez uma relação de 15 locais que precisavam de intervençõ­es urgentes. No ano passado, essa relação aumentou para 33.

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URIEL PUNK/FUTURA PRESS Zona leste. Projeto de viaduto foi localizado em depósito

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