‘Crio coisas para não cair em depressão’
“Passaram dois anos, mas parece que foi ontem. Estou tentando ter um novo ritmo de vida, mesmo sabendo que nada vai trazer meu filho de volta. O primeiro ano do acidente foi uma espécie de preparação para tentarmos entender tudo que aconteceu e dar a volta por cima. Tento não ficar pensando somente no que aconteceu e crio coisas para não cair em depressão.
Eu criei um canal no YouTube e tenho feito algumas ‘lives’ (transmissão ao vivo de vídeo no Facebook) para conversar com as pessoas e dar conselho para quem também passou por dificuldades como a que eu passei. Participo de um grupo de mães que perderam seus filhos, a gente bate papo e se ajuda. No fim do ano, vou para Rondônia, passar a virada do ano com a família do meu marido. Tudo para seguir em frente. Às vezes, me pego perguntando “e se”, mas isso eu sei que não me leva a lugar nenhum.
Quem sofre bastante com isso são as crianças. O Lorenzo (filho de 4 anos do Danilo) ainda não entendeu o que é morrer. Ele ouve que o pai dele está com Jesus e ele diz que tem bronca, porque “esse Jesus fica segurando meu pai e não deixa ele voltar”. O Lorenzo ainda espera pela volta do Danilo. Às vezes, vai para o portão e fica esperando, passa um carro parecido com o que o Danilo tinha, ele diz que “o papai está voltando”. Agora, ele vive a fase em que espera o papai voltar do céu a qualquer momento e acha que o Danilo está fora por causa de algum jogo. Precisamos ter força para lidar com isso também. Ele está jogando futsal e crescendo com a cara do pai. Ele pega fotos do Danilo criança e diz que é ele.”