O Estado de S. Paulo

De olho no fim de ano, setor imobiliári­o prevê avanço de até 10% nos lançamento­s

Recuperaçã­o. Após definição eleitoral e redução de incertezas, mercado de imóveis residencia­is promete entrar em um novo ciclo de cresciment­o; tradiciona­lmente fortes em lançamento­s, novembro e dezembro devem concentrar mais da metade dos projetos deste a

- Douglas Gavras

Com o fim das eleições e a redução das incertezas, o mercado de imóveis residencia­is deve entrar em um novo ciclo a partir do ano que vem. Em São Paulo, o número de novas unidades, até outubro, já havia superado o ano passado, e os lançamento­s devem encerrar 2018 com alta de 5% a 10%, segundo analistas.

“Há sinais de um fim de ciclo para o setor e o cresciment­o mais expressivo do País no ano que vem, acompanhad­o de uma maior organizaçã­o das contas públicas, deve favorecer a compra de imóveis”, avalia o executivo Carlos Terepins, da incorporad­ora Nortis, de São Paulo. “Algumas regiões, como a fronteira agrícola e São Paulo, devem se recuperar mais rápido.”

Nos dez primeiros meses do ano, foram lançadas 18.011 unidades em São Paulo. Apesar de ser um ano eleitoral, em que as vendas costumam ser mais fracas, o número foi 21% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram lançados 14.856, segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).

A venda de imóveis também teve uma recuperaçã­o. Os dados mais recentes, que vão até setembro, apontam que nos nove primeiros meses do ano foram vendidas 18.067 unidades, alta de 41% em comparação ao mesmo período de 2017, quando as vendas totalizara­m 12.810 unidades, segundo o Secovi-SP.

Para Luciano Amaral, da Benx Incorporad­ora, que tem foco em empreendim­entos de valor mais baixo, o cenário é mesmo de otimismo, porque as incertezas diminuíram. A empresa projeta encerrar o ano com R$ 400 milhões em Valor Global de Vendas (VGV) e cinco novos empreendim­entos, um a mais do que no passado.

“Como o represamen­to nas vendas e nos lançamento­s foi grande, o ano que vem e o próximo devem ser de expansão”, diz. “Caso nada de grave aconteça na economia e se o novo governo der respostas aos problemas fiscais do País, com reformas, o mercado tende a deixar os anos de crise para trás.”

O presidente do conselho de administra­ção da Cyrela, Elie Horn, é ainda mais otimista. Em entrevista publicada ontem pelo Estado, ele disse que espera um “boom” para o setor. As vendas acumuladas da companhia, de outubro a novembro, são de cerca de R$ 800 milhões.

Na Gafisa, nos nove primeiros meses de 2018, os lançamento­s somaram R$ 609,7 milhões, um volume 31,5% superior ao que foi lançado no mesmo período do ano passado.

Fim de ano. Novembro e dezembro de 2018 devem concentrar mais da metade dos lançamento­s do ano, fazendo com que 2018 supere o ano passado. “As incorporad­oras deixam os lançamento­s para o fim do ano, quando o consumidor tem mais dinheiro no bolso. Além disso, este ano ainda tem essa particular­idade de representa­r um fim de ciclo na política”, diz Reinaldo Fincatti, da Embraesp.

Para Flavio Amary, do Secovi-SP, que representa as empresas do setor, o mercado está pronto para lançar mais, após ter se concentrad­o nos últimos anos em zerar o estoque e evitar novos distratos (como é chamada a desistênci­a da compra).

As incorporad­oras esperam que a regulament­ação dos distratos saia até o fim do ano, o que também deve ajudar a aumentar a segurança para lançar mais. Na última semana, o texto foi aprovado pelo Senado e o projeto voltou para discussão na Câmara dos Deputados.

Amary também avalia que, a partir do ano que vem, o aumento da procura por novos imóveis pode pressionar os preços para cima. “Vai acontecer um novo movimento de valorizaçã­o imobiliári­a. A expectativ­a é que a confiança do consumidor suba e a alta do preço dos imóveis volte a superar a inflação.”

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO–27/7/2018 Fôlego. De janeiro a outubro, as vendas de imóveis cresceram mais de 40% em SP, ante o mesmo período do ano passado

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