O Estado de S. Paulo

Sem sair da estrada

Temporada mostra produtivid­ade alta de artistas acima dos 70 que poderiam viver de seus direitos autorais

- Adriana Del Ré Julio Maria

Eles se recusam a esticar as pernas nas poltronas à espera da renda dos direitos autorais. Com exceção de Zeca Pagodinho, que faz show com Maria Bethânia em dezembro, todos os personagen­s desta temporada de fim de ano passaram dos 70 e seguem ativos como no auge de suas carreiras. Gil, Bethânia, Gal, Caetano, Milton.

O congestion­amento nesta reta final teria como motivo o fato de estarem testando palcos para 2019? Não, no caso de Gal, que estreia sua turnê A Pele do Futuro, em São Paulo, no Tom Brasil, no sábado, 1.º. “Já é o show valendo. Estreia com tudo: luz, cenário (do Omar Salomão, filho do Waly), banda, repertório, tudo definido. A gente, inclusive, já deve gravar o show em março. Então, quisemos estrear com tudo redondo”, diz o diretor-geral do projeto, Marcus Preto.

Com novo disco, Ok Ok Ok, lançado em agosto, Gilberto Gil não esperou o ano que vem para colocar na estrada sua turnê inspirada nesse trabalho. Ok Ok Ok, o show, estreia em São Paulo, no Teatro Bradesco, nesta quinta, 29, em única apresentaç­ão. “Tenho a impressão de que boa parte dos que vão assistir ao show terá em mente o disco, seu título, as várias canções que compõem o disco”, comenta Gil. “Além disso, outras coisas do meu próprio repertório mais antigo. A banda foi organizada também pelo Bem (Gil, seu filho), que foi responsáve­l pela produção do disco e ainda pela organizaçã­o desse show. As pessoas que forem assistir vão ver o show de um velho artista com seu trabalho novo.”

Assim, a leva de novas canções, como Ok Ok Ok, Lia e Deia, Sol de Maria, Pela Internet 2, Tartaruguê , Quatro Pedacinhos e Uma Coisa Bonitinha (essa última, aliás, composta por Gil e João Donato há 20 anos, e redescober­ta pelo produtor Marcelo Fróes), será combinada com composiçõe­s mais antigas, como Lugar Comum e Extra.

Ok Ok Ok, o disco, foi criado sob o impacto de uma fase difícil pela qual Gil passou, durante o período de tratamento e recuperaçã­o de insuficiên­cia renal. Cercado por família e amigos nesse processo, Gil acabou fazendo um álbum de homenagens. “É (o trabalho) mais explicitam­ente afetivo, porque tive de trazer a afetividad­e para as denominaçõ­es familiares: filhos, netos, bisneta”, disse Gil, ao Estado, no lançamento do álbum. O trabalho é puxado pela faixa-título, uma espécie de desabafo diante de tantas cobranças de que ele dê sua opinião sobre tudo.

Gal também lançou recentemen­te o álbum que dá nome à turnê. Sobre o repertório do

show, diz que não foram incluídas todas as canções do disco, “mas algumas delas, bem significat­ivas”. “O que eu pedi e conversei com o Marcus Preto – porque geralmente a gente pensa junto o repertório – foi que eu queria fazer um show onde eu cantasse canções conhecidas da plateia e do público. Trazer para o universo musical de A Pele do Futuro essas canções que foram alguns grandes hits na minha voz, que as pessoas adoram e há tempos não escutam. É essa a ideia. É claro que eu também canto canções que nunca havia cantado antes. Das novas, certeza que teremos Palavras no Corpo e

Sublime, o restante é surpresa”, conta, ao Estado. Dentre essas canções, alguma que estará no show e fazia tempo que não cantava ao vivo. “Tem muita coisa que eu não cantava há muito tempo e vou cantar nesse trabalho, nesse show. Como London, London, por exemplo. Essa é uma delas”, antecipa a cantora.

Enquanto isso, a próxima semana será marcada por retornos. Maria Bethânia e Zeca Pagodinho voltam a São Paulo com o show De Santo Amaro a Xerém, agora para lançar o CD e DVD com o registro ao vivo dessa bem-sucedida turnê. A apresentaç­ão na cidade será no dia 8, no Credicard Hall, mas CD e DVD, vendidos juntos, serão lançados nesta sexta, 30. No palco, Bethânia e Zeca encontram o ponto de equilíbrio entre seus estilos diferentes na leveza. Na dinâmica do projeto, eles cantam, sozinhos e em duo, um repertório afetivo, que inclui Você Não Entende Nada, de Caetano Veloso; Cotidiano, de Chico Buarque;

A Voz do Morro, de Zé Kétti, entre outras, além de inéditas, como A

Surdo 1, de Adriana Calcanhott­o.

A música de abertura, Amaro Xerém, foi encomendad­a por Bethânia a Caetano. “O Caetano, para mim, é um achado disso tudo, é um eixo, um núcleo muito forte, meu irmão de sangue. Por tudo que conversamo­s, localizei que ele era a pessoa que deveria fazer uma canção que significas­se esse encontro”, conta Bethânia, no making of do DVD.

Também retornando à cidade com a turnê Semente da Terra, Milton Nascimento se apresenta no Sesc Pinheiros, nos dias 8, 9, 15 e 16. O show, que estreou em 2017, traz no repertório clássicos com conotações políticas e sociais, como Travessia, Encontros e Despedidas e Caçador de Mim.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Gilberto Gil. Músico estreia em SP turnê de seu novo disco, ‘Ok Ok Ok’

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