O Estado de S. Paulo

A mesma peça aqui e na Suécia

- JOÃO WADY CURY E-MAIL: JOAO.CURY@ESTADAO.COM BLOG:CULTURA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/ARCENICO

Odiretor e compositor Dan Nakagawa prepara-se, com um elenco sueco, para a primeira leitura em inglês de sua peça O Aniversári­o de Jean Lucca neste sábado, 1.º, na Stockholm Academy of Dramatic Arts. Poderia ser algo comum nesse processo de internacio­nalização da arte não fosse a curiosidad­e de Nakagawa estar montando a mesma peça nos dois países: uma delas em Estocolmo e a outra, em São Paulo, com artistas brasileiro­s. Os trabalhos na Suécia acabaram se adiantando por conta de o diretor ter ganho um edital naquele país para fazer uma leitura com atores e atrizes locais – no grupo há estrelas da cena sueca, como a atriz Lia Boyssen, protagonis­ta de vários filmes e séries na Suécia e na Europa. EMPLACADA

Tudo começou no ano passado, quando Nakagawa colaborou com a diretora, professora e artista punk Ulrika Malmgren, ao dirigir a quatro mãos algumas cenas da montagem dela com atores suecos na Stockholm Academy of Dramatic Arts. “A experiênci­a foi incrível porque ali eu pude ver que o tipo de teatro experiment­al que fazemos em São Paulo afeta – e muito – o artista sueco”, conta o diretor. “Eu já estava escrevendo O Aniversari­o de Jean Lucca, então apresentei para a produtora Katta Pälsson o projeto para montar a peça aqui.”

EU AVISEI

O ator Bryan Cranston prepara-se para mais uma maratona, sete vezes por semana em Nova York. Depois de invadir a casa dos humanos como o personagem Walter White, de Breaking Bad, estreia na Broadway com a montagem, britânica de The Network. Cranston passou este ano pelo West End londrino e levou para casa o Olivier Awards de melhor ator por sua atuação como Howard Beale, âncora de um programa jornalísti­co de baixíssima audiência que, ao saber de sua demissão, anuncia ao vivo que vai se matar. Caos instalado, sucesso garantido. Nem poderia ser diferente. Ser humano em paz é marasmo. A novidade no elenco da peça, que chega a Nova York, dia 6, é o ator Tony Goldwyn, uma das estrelas da série Scandal, na qual faz o presidente norte-americano Fitzgerald Grant, o Fitz. A direção da montagem de The Network é do belga Ivo van Hove. Escrita em 1976, satiriza a mídia e não deixa pedra sobre pedra. E tem mais de onde saiu isso. NÃO AVISARAM

The Network (Rede de Intrigas) nasceu como filme pelas mãos do cineasta Sidney Lumet em 1976. Tremendo sucesso. A personagem Howard Beale deu a possibilid­ade ao ator inglês Peter Finch desempenha­r possivelme­nte sua melhor atuação no cinema, com indicação para o Oscar. Mas a vida é madrasta. O ator não pôde gozar o sucesso. Um ataque cardíaco o abateu no lobby de um hotel em Beverly Hills em janeiro de 1977, no dia seguinte à participaç­ão no talk-show mais bombado da época, de Johnny Carson. Isso não impediu – talvez tenha ajudado – que a academia de Hollywood o premiasse no mesmo ano com o Oscar póstumo de ator por The Network. Sim, claro, todos pensamos nisso: espera-se que Bryan Cranston, com o mesmo personagem de Finch, esteja com seus exames em dia.

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ULRIKA MALMGREN Nakagawa. Grupo sueco
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