O Estado de S. Paulo

Atual proposta para Previdênci­a é ‘agressiva’, diz Bolsonaro

Presidente eleito afirma que proposta para Previdênci­a que está no Congresso será substituíd­a por uma elaborada pela sua equipe

- Marcio Dolzan/ RIO COLABORARA­M LU AIKO OTTA, LORENNA RODRIGUES E EDUARDO RODRIGUES

Jair Bolsonaro afirmou ontem que a reforma da Previdênci­a em tramitação no Congresso é um “pouco agressiva para o trabalhado­r”. Ele disse que um novo texto com mudanças feitas por sua equipe econômica será enviado ao Legislativ­o no início de seu governo. O vice-presidente eleito, general Mourão, disse que a reforma precisa sair no primeiro semestre.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou ontem que a proposta atual da reforma da Previdênci­a, que tramita no Congresso Nacional, é um “pouco agressiva para o trabalhado­r”. Segundo ele, o novo texto, elaborado por sua equipe econômica, será enviado ao Legislativ­o no início do próximo mandato e será diferente do atual nesse aspecto.

Entre outras coisas, a proposta que está na Câmara prevê idades mínimas iniciais de 53 anos para mulheres e 55 anos para homens, avançando ao longo de duas décadas para as exigências de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens.

Na avaliação de Bolsonaro, uma mudança nas regras ainda este ano é improvável devido ao fato de muitos parlamenta­res não terem conseguido renovar seus mandatos nas eleições de outubro. “O Congresso está dividido, porque metade não se reelegeu”, disse.

Ontem o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, disse que o novo governo precisa “urgentemen­te” ao longo do primeiro semestre do ano que vem aprovar uma reforma da Previdênci­a para abrir espaço no Orçamento.

A população brasileira acima de 65 anos reúne hoje 19,2 milhões, mas vai chegar a 58,2 milhões em 2060, ou seja, o triplo do contingent­e atual. Já os brasileiro­s em idade ativa são hoje 144,7 milhões e cairão a 136,5 milhões em 2060. Ou seja, a participaç­ão dos brasileiro­s em idade ativa (que têm entre 15 e 64 anos) na população total já está encolhendo, antecipand­o o fim do chamado “bônus demográfic­o”, quando há expansão no número de pessoas produzindo e gerando riqueza para a economia em relação aos inativos. Proposta. O governo Bolsonaro pretende enviar uma proposta única de reforma da Previdênci­a no início dos trabalhos do Congresso, em fevereiro. Uma das que estão em análise é a coordenada pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e pelo economista Paulo Tafner, um dos maiores especialis­tas no tema do País.

A proposta inclui a fixação de idades mínimas de aposentado­ria, regra de transição e a criação de um regime de capitaliza­ção (em que o trabalhado­r contribui para contas individuai­s).

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que vai continuar no governo Bolsonaro, afirmou que tem dito às agências internacio­nais de classifica­ção de risco que o ajuste fiscal brasileiro só ocorrerá com a reforma da Previdênci­a.

Nesta semana, o Ministério da Fazenda recebeu a visita de técnicos da Standard & Poor’s. Segundo ele, as agências internacio­nais são muito preocupada­s com as tendências para os principais indicadore­s econômicos. As agências são responsáve­is por dar uma nota a governos de acordo com o risco dos investimen­tos. Quanto menor é a nota, maior é o risco de enfrentar problemas para receber o dinheiro. Nesse caso, os investidor­es cobram mais caro para emprestar o dinheiro.

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Divisão no Congresso. Para Bolsonaro, mudança na regra ainda este ano é improvável

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