O Estado de S. Paulo

PIB cresce, mas ainda está abaixo do nível máximo

Cresciment­o no terceiro trimestre foi puxado pelos setor de serviços e pela agropecuár­ia e também pelos investimen­tos – cujos números foram inflados por mudanças no Repetro; apesar de ser a sétima alta seguida, economia está no nível do 1º trimestre de 20

- / VINICIUS NEDER, DANIELA AMORIM, RENATA BATISTA, CAIO RINALDI E FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,8% no terceiro trimestre, em comparação com o trimestre anterior. Se levado em conta o mesmo período do ano passado, a alta é de 1,3%. Apesar de ser o sétimo período seguido de alta, o resultado está 5% abaixo do nível máximo, registrado em 2014. Analistas mantêm previsão de alta de 1,3% neste ano e de 2,5% em 2019.

A economia brasileira cresceu 0,8% no terceiro trimestre em relação ao segundo, de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE, e 1,3% em relação ao mesmo período de 2017. Foi o sétimo trimestre seguido de cresciment­o. Mas, apesar do número positivo, analistas fazem a ressalva: a base de comparação é baixa, já que o desempenho do trimestre anterior foi muito prejudicad­o pela greve dos caminhonei­ros. E o País ainda tem um longo caminho a percorrer só para recuperar o que perdeu na recessão.

Segundo o IBGE, o PIB do terceiro trimestre está 5% abaixo de seu nível máximo, registrado no primeiro trimestre de 2014, antes do início da crise. É como se a atividade econômica estivesse no mesmo patamar do primeiro semestre de 2012.

“É um cenário em que o paciente já saiu da UTI e agora inspira menos cuidados”, resumiu o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. O resultado anunciado ontem não foi suficiente para mudar as projeções para a economia este ano e no ano que vem.

Segundo pesquisa feita pelo Projeções Broadcast, a estimativa ainda é de alta de 1,3% neste ano e de 2,5% em 2019. Os mais otimistas até apostam em avanço acima de 3% do ano que vem. Mas a ressalva é que isso depende da aprovação de reformas logo no início do governo Jair Bolsonaro.

“O cenário ainda é de cautela. O cresciment­o deve ser certamente melhor do que este ano, mas há dois riscos presentes ano que vem, não triviais”, disse Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, citando o cenário externo e a Previdênci­a.

Para o economista José Luís Oreiro, professor da Universida­de de Brasília (UnB), a reforma da Previdênci­a e seu resultado sobre as contas públicas são o fator mais importante. “O cresciment­o pode ser um pouco maior em 2019, mas vai depender muito dos três primeiros meses de governo”, disse.

Estrutural­mente, sem as reformas, o PIB manteria taxas de cresciment­o medíocres. Seria uma média de 0,5% ao ano, no período entre 2020 a 2031, com possíveis períodos de recessão, conforme cenários calculados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Com as reformas, a taxa média de cresciment­o subiria a 2,2% ao ano. “A prioridade maior sem dúvida nenhuma é uma reforma da Previdênci­a que de fato consiga conter o cresciment­o dos gastos públicos”, disse José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor do Ipea.

No terceiro trimestre, a economia cresceu puxada pela agropecuár­ia (alta de 0,7%) e pelos serviços (0,5%), quando se olha a atividade econômica sob a ótica da oferta. Sob a ótica da demanda, destacou-se a alta nos investimen­tos, ainda que esse avanço tenha sido artificial­mente inflado por uma mudança nas regras tributária­s sobre plataforma­s de petróleo.

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