O Estado de S. Paulo

Bolsonaro não vai estender intervençã­o federal no Rio

Presidente eleito admitiu, porém, possibilid­ade de um Decreto de Garantia da Lei e da Ordem; ação federal acaba em 31 de dezembro

- Daniel Weterman ENVIADO ESPECIAL / GUARATINGU­ETÁ (SP) FÁBIO GRELLET

Jair Bolsonaro confirmou que não prorrogará a intervençã­o federal na segurança do Rio. A medida, que vigora desde fevereiro, será encerrada em 31 de dezembro. Bolsonaro quer que policiais tenham garantias de que não serão processado­s. A promulgaçã­o de Propostas de Emenda à Constituiç­ão (PECs) é proibida durante intervençã­o federal.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou ontem que não vai prorrogar a intervençã­o federal na segurança pública do Rio em janeiro, quando for presidente. Os militares assumiram a área no Estado em fevereiro e tem previsão de acabar no dia 31 de dezembro.

“Assumindo, não prorrogare­i. Se quiserem falar em GLO (Decreto de Garantia da Lei e da Ordem), dependerei do Parlamento para assinar”, afirmou ele na manhã de ontem, após participar de evento de formatura de sargentos da Escola de Especialis­tas da Aeronáutic­a, em Guaratingu­etá, no interior de São Paulo. Na realidade, o pedido de GLO é feito pelo chefe do Executivo estadual e determinad­o pelo chefe do Executivo nacional, sem necessidad­e de aval do Congresso.

A legislação do País proíbe a promulgaçã­o de Propostas de Emenda à Constituiç­ão (PECs) durante uma intervençã­o federal. Para aprovar uma reforma da Previdênci­a, por exemplo, uma das medidas previstas pela equipe econômica de Bolsonaro, seria necessário interrompe­r a intervençã­o.

Bolsonaro voltou também a defender a necessidad­e de retaguarda jurídica para agentes de segurança. “Não posso admitir que um integrante das Forças Armadas, da Polícia Militar, Polícia Federal, entre outros, após cumpriment­o da missão, respondam a um processo.” Desde a campanha, ele propõe o fim de investigaç­ões de mortes cometidas por agentes de segurança se eles alegarem legítima defesa, o que é criticado por parte dos especialis­tas.

Letalidade. Durante a intervençã­o, o total de mortos por policiais cresceu no Estado do Rio. Em outubro, foram 127, alta de 30% ante o mesmo período de 2017. Em nove meses de intervençã­o, o número de mortes decorrente­s da ação policial somou 1.151. Os dados, oficiais, são do Instituto de Segurança Pública (ISP). Apesar da letalidade policial, os homicídios dolosos, embora ainda em patamar alto, recuaram 22% em relação a outubro do ano passado – 378 registros, ante 486./COLABOROU

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-20/9/2018 Segurança. Operação está em andamento no Estado desde fevereiro. No período, letalidade policial registrou aumento

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