Presidente eleito defende fusão Boeing-Embraer
‘Se Embraer continuar solteira, a tendência é que desapareça’, afirmou presidente eleito
Em meio às negociações finais para a venda da Embraer para a Boeing, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou que seu governo dará aval para o acordo. “Sou favorável a ela (venda). Entendo que a Embraer, se continuar solteira como está, a tendência é que desapareça”, disse ontem, após participar de uma formatura de sargentos na Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá (SP).
O governo brasileiro tem uma ação especial na Embraer, a chamada “golden share”, um resquício da época em que a empresa era estatal. Essa ação dá ao governo poder de veto na venda da companhia. A intenção das fabricantes de aviões, porém, é apresentar os termos finais da operação ainda na presidência de Michel Temer, que tem acompanhado as negociações desde o início e é favorável ao acordo.
O cronograma da transação está atrasado. Quando a venda foi anunciada, no início de julho, o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, destacou que as empresas pretendiam entregar os documentos para a avaliação final do governo entre o fim de outubro e o começo de novembro.
Após o governo aprovar a venda, o negócio precisará do aval dos acionistas da Embraer. A convocação da assembleia precisa ser feita com 30 dias de antecedência, o que torna praticamente inviável a conclusão do trâmite neste ano. O aceno de Bolsonaro ontem, no entanto, é um indicativo de que as companhias não deverão ter dificuldades na operação, que ainda estará sujeita aos órgãos concorrenciais. A expectativa é que Embraer e Boeing passem a operar de forma conjunta no fim do próximo ano.
O acordo prevê a venda de 80% da área de aviação comercial da Embraer para a Boeing e a criação de uma joint venture – com a brasileira como sócia majoritária – no segmento de defesa. O porcentual de participação da Embraer nessa joint venture ainda não foi divulgado.
O Estado apurou que, na empresa de aviação comercial que surgirá com o acordo, a Embraer terá um assento no conselho de administração, mas sem poder de decisão, apenas de acompanhamento. Essa foi uma exigência da Boeing, que quer ter agilidade nas decisões.
O negócio, entretanto, ficou aquém do que pretendia a fabricante de aviões americana. A Boeing começou as conversas com a pretensão de levar toda a empresa brasileira, o que incluiria as divisões comercial, executiva e de defesa. As Forças Armadas se posicionaram contra a venda do braço de defesa.
Para analistas de mercado, a venda da Embraer se tornou praticamente inevitável quando a concorrente Bombardier se aliou à Airbus, tornando o setor mais competitivo.