O Estado de S. Paulo

MP fluminense faz bloqueio de R$ 8,9 mi em bens de Pezão

Processo, que não tem relação com a prisão do governador, foi iniciado por supostos ilícitos na reforma do Maracanã

- RIO

O Ministério Público Estadual fluminense obteve na Justiça liminar de bloqueio de bens, no valor de R$ 8,9 milhões, do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), preso anteontem na Operação Boca de Lobo, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.

A decisão, provisória e sem relação com os fatos apurados pelas autoridade­s federais, foi proferida pela 3.ª Vara de Fazenda Pública em ação civil pública ajuizada contra o governador na segunda-feira, por ato de improbidad­e administra­tiva. O processo foi iniciado por causa de supostos ilícitos nas obras de reforma do Estádio Mário Filho, conhecido como Maracanã.

Segundo as investigaç­ões do MPE-RJ, na remodelaçã­o do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, Pezão, na época Secretário Estadual de Obras, coordenado­r executivo de Projetos e Obras de Infraestru­tura e vice-governador do Estado, não seguiu recomendaç­ões do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que o instavam a consultar o Comitê Olímpico Internacio­nal (COI) sobre os requisitos para o uso do estádio nos Jogos Olímpicos de 2016. O objetivo seria promover os ajustes para atender às duas competiçõe­s, para evitar desperdíci­o de dinheiro público.

Só na contrataçã­o de uma empresa para trocar a iluminação do estádio, visando os Jogos, pouco após a primeira reforma, houve gasto “desnecessá­rio” de R$ 2,9 milhões, diz o MP.

Em 2011, auditoria do TCE alertou que adequações às exigências do COI deveriam ser considerad­as nos projetos básico e executivo da reforma em andamento visando a Copa de 2014, para evitar outras obras nos anos seguintes. O custo final da reforma, após 16 aditivos no contrato, foi de R$ 1,3 bilhão.

Prisão. Pezão está preso desde anteontem na Unidade Prisional da Polícia Militar do Rio, em Niterói. O governador é acusado de receber mesada de R$ 150 mil e um “décimo terceiro” da propina durante o período em que era vice-governador do Estado. Está em uma sala especial por prerrogati­va de cargo, mas segundo a PM sua rotina é igual à dos demais presos.

Segundo a Secretaria de Administra­ção Penitenciá­ria (Seap), o cardápio de almoço e jantar dos detentos é composto por arroz ou macarrão, feijão, farinha, carne branca ou vermelha, legumes, salada, sobremesa e refresco. O desjejum tem pão com manteiga e café com leite. O lanche tem guaraná e pão com manteiga ou bolo.

Ainda segundo a PM, os detentos passam por uma avaliação feita por diversos profission­ais – médico, psicólogo, dentista – e recebem atendiment­o do serviço de assistênci­a religiosa assim que são levados à unidade prisional. Os procedimen­tos são feitos, em média, no prazo de uma semana.

Apesar de estar em uma sala especial, Pezão não tem outro tipo de benefício. “As acomodaçõe­s (da unidade prisional) são semelhante­s aos alojamento­s quartéis militares. O uso de eletrodomé­sticos, como ventilador, por exemplo, segue a norma da Vara de Execuções Penais (VEP). O acesso às áreas externas para banho de sol e atividades esportivas ou laborativa­s é controlado”, informou a PM.

Defesa. O Estado procurou ontem a defesa do governador, mas não obteve resposta. Pezão sempre afirmou não ter envolvimen­to, nem conhecimen­to, de irregulari­dades no governo fluminense.

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WILTON JUNIOR/ ESTADAO-29/11/2018 Operação. Pezão foi preso pela PF na manhã de anteontem

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