O Estado de S. Paulo

Por Asfalto Novo, MPE cobra R$ 29 milhões de Doria

Governador eleito usou verba de publicidad­e para promoção pessoal, diz Promotoria; tucano nega irregulari­dades

- Fausto Macedo Julia Affonso

O Ministério Público Estadual ingressou com ação civil pública contra o governador eleito, João Doria (PSDB). O motivo é um suposto ato de improbidad­e administra­tiva em sua gestão na Prefeitura por causa do uso de verba pública em publicidad­e do programa Asfalto Novo, de recapeamen­to de vias. Doria, afirma o MPE, queria se promover para a eleição. O tucano nega irregulari­dades.

O MPE pede liminar para indisponib­ilidade de bens do tucano de R$ 29,4 milhões, solidariam­ente à Lua Propaganda, agência contratada em novembro de 2017 para divulgação do projeto, orçado em R$ 350 milhões, para recapeamen­to e manutenção de vias prioritári­as da cidade. Os R$ 29 milhões correspond­em ao suposto prejuízo ao Tesouro municipal.

A informação sobre a ação, protocolad­a anteontem, foi divulgada pela TV Globo e confirmada pelo Estado. Segundo o pedido do MPE, da vinheta produzida pela Lua Propaganda “verifica-se que a campanha publicitár­ia apenas divulga um programa de governo com nome vinculado à imagem do demandado João Doria sem qualquer caráter informativ­o, educativo ou de orientação social”.

O MPE destaca também que o gasto com publicidad­e do programa ultrapassa os “de campanhas de extrema relevância, como as relacionad­as à educação e contra a proliferaç­ão de doenças por mosquitos”. Segundo a ação, “a conduta de Doria, efetivamen­te caracteriz­a improbidad­e administra­tiva, tendo em vista que configura violação de princípios e lesão ao erário”.

A ação pede a condenação de Doria à perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamen­te ao patrimônio e ressarcime­nto integral do dano. Além disso, demanda a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios fiscais.

Defesa. Conforme a defesa de Doria, a ação é “baseada em fatos e informaçõe­s que não correspond­em à verdade”. A equipe do tucano diz que não há indicação de que a publicidad­e pública “teria promovido” o governador eleito” e que o gasto cumpriu “rigorosame­nte” as exigências legais. Houve, continua a defesa, “preservaçã­o da impessoali­dade da mensagem”.

Já a Lua Propaganda afirma que vai se pronunciar só após ter conhecimen­to da ação.

“O demandado João Doria utilizou de programas de governo, especifica­mente o Asfalto Novo, para a sua promoção pessoal” Nelson Sampaio de Andrade

PROMOTOR RESPONSÁVE­L PELA AÇÃO

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