O Estado de S. Paulo

Final pode virar batalha em tribunais

Boca Juniors reitera intenção de recorrer ao CAS na tentativa de ser declarado campeão; River Plate vai recorrer das punições que recebeu na Conmebol

- Gonçalo Junior

A escolha do estádio Santiago Bernabéu como palco da final da Libertador­es iniciou uma disputa nos tribunais entre Boca Juniors e River Plate. Por razões distintas, os rivais ficaram insatisfei­tos e prometem apelar da decisão da Conmebol que marcou a decisão para o dia 9 de dezembro em Madri com torcidas dos dois times.

O Boca Juniors considerou insuficien­te a punição aplicada ao River Plate – dois jogos com portões fechados em competiçõe­s da Conmebol e multa de US$ 400 mil (R$ 1,54 milhão). Por isso, o time de Carlitos Tevez pretende ir até a Corte Arbitral do Esporte (CAS, em inglês) se necessário. O clube entende que o rival deveria ser responsabi­lizado pelos ataques ao ônibus na chegada da delegação ao Monumental no sábado passado. O Boca quer ser declarado campeão da Libertador­es.

O recurso dificilmen­te chegará a tempo ao CAS. Depois da decisão da primeira instância do Tribunal Disciplina­r, o Boca tem de recorrer à Câmara de Apelações. Especialis­tas consultado­s pelo Estado afirmam que o trâmite não é rápido. “Esse caminho a ser percorrido pelo Boca costuma demorar. A probabilid­ade de o clube conseguir uma decisão que suspenda a final é baixa. Os recursos, em regra, não têm efeito suspensivo, que só é concedido em situações muito excepciona­is”, explica o advogado André Sica, especializ­ado em Direito Desportivo.

Por sua vez, o River Plate considera que o rival levará vantagem por ter sua torcida novamente na final. No primeiro jogo, o Boca jogou diante de seus fãs no empate por 2 a 2. Nesse contexto, o jogo de volta deveria ter apenas torcedores do River Plate. Por isso, a torcida marcou para um protesto hoje no estádio Monumental. “O Club Atlético River Plate vai apresentar os recursos e apelações pertinente­s contra as resoluções anunciadas pela Conmebol e seu Tribunal Disciplina­r, em relação à mudança na sede da final da Copa Libertador­es, à multa e à proibição de jogar diante de sua torcida em duas partidas”, anunciou o clube.

“A pena é branda, consideran­do-se a gravidade do ocorrido. Para efeito de comparação, apenas a multa é maior do aquela imposta ao Flamengo pelos incidentes no Maracanã na final da Sul-americana em 2017. O caso do River é substancia­lmente mais grave”, avalia o advogado Américo Espallarga­s, também especialis­ta em Direito Desportivo. À época, o clube carioca foi multado em US$ 300 mil (R$ 1,3 milhão) por invasão dos torcedores no Maracanã.

Os espanhóis se dividem entre o temor de conflitos na capital, indignação e frustração. Santiago Solari, técnico do Real Madrid, dono do estádio onde será a final, resumiu os dois últimos sentimento­s. “Não podemos esquecer os motivos que fizeram trazer esse jogo a um oceano de distância. É uma pena que uma parte da sociedade queira romper tudo”, afirmou. “Para mim, foi perdida a transcendê­ncia dessa partida. Perdi um pouco o interesse”, lamentou.

André Sica

ESP. EM DIREITO DESPORTIVO ‘A probabilid­ade de o clube (Boca Juniors) conseguir uma decisão que suspenda a final é baixa’

 ?? MARCOS BRINDICCI/REUTERS-24/11/2018 ?? Irritação. Torcida do River lotou o Monumental, mas não teve jogo; torcedores do clube vão protestar contra a Conmebol
MARCOS BRINDICCI/REUTERS-24/11/2018 Irritação. Torcida do River lotou o Monumental, mas não teve jogo; torcedores do clube vão protestar contra a Conmebol

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil