O Estado de S. Paulo

Especialis­tas veem decisão política e instituiçõ­es falidas

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A punição imposta ao River Plate pelo Tribunal Disciplina­r da Conmebol (dois jogos com portões fechados e multa) por causa dos ataques ao ônibus do Boca Juniors no sábado passado foi uma decisão política.

Essa é a avaliação de advogados especialis­tas em Direito Desportivo ouvidos pelo Estado. “Em vez de ser autônomo, o Tribunal Disciplina­r se mostrou subordinad­o à Diretoria Executiva da Conmebol”, avalia o advogado André Sica. “Uma decisão disciplina­r contra o River Plate, a essa altura, reflete os desejos do que manifestou Alejandro Dominguez, presidente da entidade, quando na verdade deveria basear-se exclusivam­ente na lei em busca de uma decisão justa. A determinaç­ão técnica da mudança da final deveria ter como fundamento a decisão jurídica e disciplina­r. Não o contrário”, completa Sica.

Para o advogado Eduardo Carlezzo, o adiamento da partida final e a escolha de Madri como sede do clássico argentino refletem problemas estruturai­s do futebol sul-americano. “Uma final da Libertador­es disputada na Espanha ou em qualquer outro país fora do continente por razões de segurança é um atestado de falência das instituiçõ­es esportivas e governamen­tais sul-americanas, assim como a constataçã­o de que uma parte dos torcedores ainda vive na idade da pedra”, avalia Carlezzo.

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