O Estado de S. Paulo

PIB de serviços avança 0,5% e zera perdas com greve

Setor de transporte, que havia caído mais que o normal no segundo trimestre, agora registrou alta de 2,6%, também acima do normal

- Daniela Amorim Vinicius Neder/ RIO COLABORARA­M ANNE WARTH E ALTAMIRO SILVA, ENVIADOS ESPECIAIS A BUENOS AIRES

A recuperaçã­o da economia após problemas gerados pela greve dos caminhonei­ros, em maio, contribuiu para o cresciment­o econômico do terceiro trimestre, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). O impacto maior foi no PIB de serviços, principal atividade da economia, que avançou 0,5% no terceiro trimestre ante o segundo.

O principal efeito ocorreu nos serviços de transporte. Por causa da greve, essa atividade caiu mais do que o normal no segundo trimestre. Diante da fraca base de comparação, também cresceu mais do que o normal no período entre julho e setembro, com alta 2,6% ante o segundo trimestre.

“O grande destaque neste trimestre (na comparação com o trimestre imediatame­nte anterior) foi o transporte, muito explicado pela greve dos caminhonei­ros”, afirmou Rebeca Palis, coordenado­ra de Contas Nacionais do IBGE.

Com avanço de 1,1%, o comércio foi a segunda atividade econômica que mais avançou na passagem do segundo para terceiro trimestre, mas em ritmo inferior ao registrado nos transporte­s.

Em parte, os serviços reagiram ao cresciment­o, ainda que lento e gradual, da demanda. O consumo das famílias avançou 0,6% em relação ao segundo trimestre. Foi a sétima alta seguida, na comparação com trimestres imediatame­nte anteriores. Também cresceu e 1,4% ante o terceiro trimestre de 2017 – sexta alta seguida.

Segundo o IBGE, contribuem para a manutenção da demanda doméstica a redução na taxa básica de juros, o cenário inflacioná­rio sob controle, o cresciment­o real nas concessões de crédito e o avanço na massa de salários em circulação na economia. “Isso tudo é conjuntura positiva para cresciment­o do consumo das famílias”, avaliou Rebeca Palis.

Além da melhora gradual do mercado de trabalho e do crédito, houve redução do nível de inadimplên­cia, afirmaram os analistas Thiago Xavier e Lucas Souza, da consultori­a Tendências.

“A extensão da liberação dos recursos do PIS-Pasep, embora parte substancia­l não tenha sido sacada (cerca de 50% do montante disponibil­izado), também propiciou consumo familiar adicional no período”, afirmaram os analistas.

Indústria. O PIB industrial também avançou no terceiro trimestre – alta de 0,4% ante o segundo trimestre e de 0,8% em relação ao terceiro trimestre de 2017. A indústria de transforma­ção teve o melhor desempenho, mas chamou a atenção, na contramão, a persistênc­ia no cenário de crise da construção civil. A indústria da construção encolheu 1,0% na comparação com o terceiro trimestre do ano passado. Foi o 18º trimestre seguido de queda nessa ótica de comparação, ainda que o recuo tenha sido mais brando do que os 2,7% do segundo trimestre deste ano

Em relatório, a LCA Consultore­s identifico­u no desempenho da indústria da construção o principal motivo para a lentidão da recuperaçã­o da economia desde o fim da recessão.

“Embora tenha um peso direto modesto no PIB brasileiro (cerca de 4% agora; em torno de 5,5% antes da recessão), seus efeitos multiplica­dores são bastante elevados, sobretudo em termos de geração de emprego e renda: dos 3 milhões de empregos com carteira assinada destruídos ao longo da recessão de 2014-2016, cerca de 1 milhão foram do setor de construção”, diz um trecho do relatório.

Consistent­e. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse que o cresciment­o da economia no terceiro trimestre veio em linha com as expectativ­as do governo. “Tudo indica que há uma recuperaçã­o consistent­e da economia brasileira”, disse.

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