PIB de serviços avança 0,5% e zera perdas com greve
Setor de transporte, que havia caído mais que o normal no segundo trimestre, agora registrou alta de 2,6%, também acima do normal
A recuperação da economia após problemas gerados pela greve dos caminhoneiros, em maio, contribuiu para o crescimento econômico do terceiro trimestre, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O impacto maior foi no PIB de serviços, principal atividade da economia, que avançou 0,5% no terceiro trimestre ante o segundo.
O principal efeito ocorreu nos serviços de transporte. Por causa da greve, essa atividade caiu mais do que o normal no segundo trimestre. Diante da fraca base de comparação, também cresceu mais do que o normal no período entre julho e setembro, com alta 2,6% ante o segundo trimestre.
“O grande destaque neste trimestre (na comparação com o trimestre imediatamente anterior) foi o transporte, muito explicado pela greve dos caminhoneiros”, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Com avanço de 1,1%, o comércio foi a segunda atividade econômica que mais avançou na passagem do segundo para terceiro trimestre, mas em ritmo inferior ao registrado nos transportes.
Em parte, os serviços reagiram ao crescimento, ainda que lento e gradual, da demanda. O consumo das famílias avançou 0,6% em relação ao segundo trimestre. Foi a sétima alta seguida, na comparação com trimestres imediatamente anteriores. Também cresceu e 1,4% ante o terceiro trimestre de 2017 – sexta alta seguida.
Segundo o IBGE, contribuem para a manutenção da demanda doméstica a redução na taxa básica de juros, o cenário inflacionário sob controle, o crescimento real nas concessões de crédito e o avanço na massa de salários em circulação na economia. “Isso tudo é conjuntura positiva para crescimento do consumo das famílias”, avaliou Rebeca Palis.
Além da melhora gradual do mercado de trabalho e do crédito, houve redução do nível de inadimplência, afirmaram os analistas Thiago Xavier e Lucas Souza, da consultoria Tendências.
“A extensão da liberação dos recursos do PIS-Pasep, embora parte substancial não tenha sido sacada (cerca de 50% do montante disponibilizado), também propiciou consumo familiar adicional no período”, afirmaram os analistas.
Indústria. O PIB industrial também avançou no terceiro trimestre – alta de 0,4% ante o segundo trimestre e de 0,8% em relação ao terceiro trimestre de 2017. A indústria de transformação teve o melhor desempenho, mas chamou a atenção, na contramão, a persistência no cenário de crise da construção civil. A indústria da construção encolheu 1,0% na comparação com o terceiro trimestre do ano passado. Foi o 18º trimestre seguido de queda nessa ótica de comparação, ainda que o recuo tenha sido mais brando do que os 2,7% do segundo trimestre deste ano
Em relatório, a LCA Consultores identificou no desempenho da indústria da construção o principal motivo para a lentidão da recuperação da economia desde o fim da recessão.
“Embora tenha um peso direto modesto no PIB brasileiro (cerca de 4% agora; em torno de 5,5% antes da recessão), seus efeitos multiplicadores são bastante elevados, sobretudo em termos de geração de emprego e renda: dos 3 milhões de empregos com carteira assinada destruídos ao longo da recessão de 2014-2016, cerca de 1 milhão foram do setor de construção”, diz um trecho do relatório.
Consistente. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse que o crescimento da economia no terceiro trimestre veio em linha com as expectativas do governo. “Tudo indica que há uma recuperação consistente da economia brasileira”, disse.
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