O que o PIB não revela
OPIB recém divulgado mostra que o Brasil tem crescido a um ritmo médio de 1,3% ao ano desde o final de 2017, com expansão, ainda que lenta, tanto de consumo quanto de investimentos (evidenciando que a capacidade ociosa constrange mas não impede a expansão da formação de capital).
O dado do IBGE sinaliza que ainda estamos 5% abaixo do pico observado no início de 2014. E que, à velocidade atual, só recuperaríamos inteiramente a renda per capita perdida em uma das mais profundas recessões da história em meados de 2022.
O que as contas nacionais não mostram é que estão dadas as condições para uma aceleração. A inflação vai cair em 2019, o que significa que os juros não vão subir tão cedo. Tanto as chamadas condições financeiras quanto a confiança de consumidores e empresários já se aproximam de níveis compatíveis com um crescimento bem mais robusto. E ainda que não tenhamos visto um “pibão”, o nível de emprego cresceu quase 3% nos últimos dois anos. Sem contar que, nos últimos três meses, a criação líquida média de vagas no mercado formal ficou perto de 70 mil, o que equivale a 800 mil novos empregos com carteira assinada no período de um ano.
Mas dentre tudo que pode afetar a magnitude de impulso da economia nos próximos trimestres, o mais importante será o componente de expectativas. A conjuntura internacional está mais perigosa e o nosso setor público enfrenta em desafio fiscal gigantesco (e cada vez maior na ausência de uma reforma profunda da Previdência). Sem uma crença razoável de que o governo caminha para equilibrar suas contas, não há espaço para sustentação da confiança. E sem ela não há crescimento.
O PIB, os mercados financeiros e os indicadores econômicos mais recentes mostram que o Brasil hoje conta com o benefício da dúvida.