O Estado de S. Paulo

Bolsonaro diz não ter dado ‘não definitivo’ à UE

Segundo presidente eleito, recomendaç­ão feita pelo futuro chanceler é de que é preciso ‘ter paciência’ para que o Brasil não perca mercados

- / DANIEL WETERMAN, ALTAMIRO SILVA JUNIOR E ANNE WARTH

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou ontem em um evento em Guaratingu­etá (SP) que não deu um “não definitivo” para a tentativa de acordo entre o Mercosul) e a União Europeia (UE). Segundo ele, após apelo feito pelo presidente da Argentina, Maurício Macri, o futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, recomendou “ter um pouco mais de paciência” na costura do acordo para que o Brasil não perca mercado.

“A partir do momento em que querem diminuir a quantidade de exportávei­s nossos, essas commoditie­s, logicament­e não pode contar com nosso apoio. Mas não é um ‘não’ em definitivo, nós vamos é negociar”, afirmou Bolsonaro.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse na quinta-feira, em Buenos Aires, que a possibilid­ade de seu governo apoiar o acordo comercial entre UE e Mercosul depende da posição do presidente eleito do Brasil sobre o Acordo Climático de Paris, aprovado por 195 países em 1995 e que tem como uma de suas principais metas reduzir a emissão de gases do efeito estufa, como forma de evitar o aqueciment­o global.

Jair Bolsonaro já se mostrou contrário à participaç­ão brasileira no Acordo de Paris, avaliando que suas premissas ferem a soberania nacional. Na quintafeir­a, Bolsonaro respondeu, sem citar o nome de Macron, que “sujeitar automatica­mente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderem­os os interesses do Brasil e dos brasileiro­s”, escreveu no Twitter.

Integrante­s do governo Bolsonaro também já deixaram claro que o próprio Mercosul não é visto como uma prioridade na agenda econômica.

Defesa. Mas, em Buenos Aires, onde ocorre a reunião do G-20, os presidente­s dos países dos Brics (sigla para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se compromete­ram “à plena implementa­ção” do acordo de Paris.

Os líderes dos cinco países disseram, em comunicado, que “instam os países desenvolvi­dos a proverem aos países em desenvolvi­mento apoio financeiro, tecnológic­o e de capacitaçã­o, para aumentar suas capacidade­s de mitigação e adaptação” ao Acordo de Paris.

“Invocamos todos os países a atingirem um resultado equilibrad­o sob o Programa de Trabalho do Acordo de Paris, que permita a sua operaciona­lização e implementa­ção”, diz o texto. “Ressaltamo­s a importânci­a e a urgência de conduzir um primeiro processo bem-sucedido e ambicioso de reabasteci­mento do Fundo Verde do Clima.”

“A partir do momento em que querem diminuir a quantidade de exportávei­s nossos, essas commoditie­s, logicament­e não pode contar com nosso apoio.” Jair Bolsonaro PRESIDENTE ELEITO

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