Bolsonaro diz não ter dado ‘não definitivo’ à UE
Segundo presidente eleito, recomendação feita pelo futuro chanceler é de que é preciso ‘ter paciência’ para que o Brasil não perca mercados
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou ontem em um evento em Guaratinguetá (SP) que não deu um “não definitivo” para a tentativa de acordo entre o Mercosul) e a União Europeia (UE). Segundo ele, após apelo feito pelo presidente da Argentina, Maurício Macri, o futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, recomendou “ter um pouco mais de paciência” na costura do acordo para que o Brasil não perca mercado.
“A partir do momento em que querem diminuir a quantidade de exportáveis nossos, essas commodities, logicamente não pode contar com nosso apoio. Mas não é um ‘não’ em definitivo, nós vamos é negociar”, afirmou Bolsonaro.
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse na quinta-feira, em Buenos Aires, que a possibilidade de seu governo apoiar o acordo comercial entre UE e Mercosul depende da posição do presidente eleito do Brasil sobre o Acordo Climático de Paris, aprovado por 195 países em 1995 e que tem como uma de suas principais metas reduzir a emissão de gases do efeito estufa, como forma de evitar o aquecimento global.
Jair Bolsonaro já se mostrou contrário à participação brasileira no Acordo de Paris, avaliando que suas premissas ferem a soberania nacional. Na quintafeira, Bolsonaro respondeu, sem citar o nome de Macron, que “sujeitar automaticamente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros”, escreveu no Twitter.
Integrantes do governo Bolsonaro também já deixaram claro que o próprio Mercosul não é visto como uma prioridade na agenda econômica.
Defesa. Mas, em Buenos Aires, onde ocorre a reunião do G-20, os presidentes dos países dos Brics (sigla para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se comprometeram “à plena implementação” do acordo de Paris.
Os líderes dos cinco países disseram, em comunicado, que “instam os países desenvolvidos a proverem aos países em desenvolvimento apoio financeiro, tecnológico e de capacitação, para aumentar suas capacidades de mitigação e adaptação” ao Acordo de Paris.
“Invocamos todos os países a atingirem um resultado equilibrado sob o Programa de Trabalho do Acordo de Paris, que permita a sua operacionalização e implementação”, diz o texto. “Ressaltamos a importância e a urgência de conduzir um primeiro processo bem-sucedido e ambicioso de reabastecimento do Fundo Verde do Clima.”
“A partir do momento em que querem diminuir a quantidade de exportáveis nossos, essas commodities, logicamente não pode contar com nosso apoio.” Jair Bolsonaro PRESIDENTE ELEITO