O Estado de S. Paulo

Mercado aposta no potencial da bike elétrica

Participaç­ão do modelo é de apenas 0,35% nas vendas; na Europa, fica entre 30% a 40%

- Cleide Silva

Veterano no segmento de bicicletas no Brasil – seu pai construiu a primeira fábrica da Caloi em 1945 –, o empresário Bruno Antonio Caloi Júnior, mais conhecido por Tito, vai inaugurar em maio uma fábrica na Zona Franca de Manaus para produção de modelos elétricos. Orçada em R$ 10 milhões, terá capacidade inicial para 3 mil unidades ao ano.

O segmento de e-bikes no Brasil hoje é apenas um nicho, com participaç­ão de 0,35% das vendas totais. Investidor­es brasileiro­s, contudo, apostam em comportame­nto similar ao que ocorre na Europa, que vem crescendo nos últimos dez anos e hoje responde por 30% a 40% das vendas totais. “Achamos que essa tendência vai chegar aqui e quem estiver pronto para atender a essa demanda sairá na frente”, afirma Tito, presidente da Tito Bikes.

Ele produz bicicletas tradiciona­is em Mococa (SP) com as marcas Tito – criada depois da venda da Caloi, em 1999 –, e Groove, que serão mantidas nos modelos elétricos. Antes de iniciar a produção em série, 120 unidades foram montadas para teste e 90% delas foram vendidas a preços a partir de R$ 6,5 mil.

A expectativ­a de cresciment­o do mercado brasileiro é compartilh­ada por outros empresário­s que estão iniciando ou ampliando produção. A Empresa Brasileira de Mobilidade Sustentáve­l (EBMS), criada por uma holding

Tendência “Achamos que essa tendência vai chegar aqui e quem estiver pronto para atender essa demanda sairá na frente.” Bruno Antoni oC aloi Júnior PRESIDENTE DA TITO BIKES

de investimen­tos, iniciou em março a montagem de bicicletas elétricas da marca Pedalla em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Foram investidos R$ 15 milhões no projeto, diz José Wilson de Oliveira, diretor executivo da empresa.

A capacidade produtiva começa em cerca de 7 mil unidades ao ano, mas o objetivo futuro é passar de 20 mil. A maioria dos componente­s será inicialmen­te importada, estratégia também usada pelos demais

produtores que se queixam do preço e da falta de oferta local. Não há, por exemplo, fabricante de motores e baterias de lítio no País.

“Acreditamo­s muito nesse mercado e entendemos que, para grandes centros urbanos, não há outra solução a não ser a de mobilidade compactada, de baixo custo (em relação ao automóvel), mais adequada para o trânsito congestion­ado, que exige menos espaço para estacionam­ento e ainda gera mais qualidade de vida”, afirma Oliveira.

Os modelos disponívei­s da Pedalla custam de R$ 4 mil a R$ 9 mil (versões urbanas) e R$ 6,5 mil (fat bike para uso misto). A EBMS espera vender 500 a 600 unidades e dobrar o volume no próximo ano. Para Oliveira, o ritmo de cresciment­o do mercado depende de mudanças tributária­s. A bicicleta elétrica paga IPI de 35% e a convencion­al, 10%. Igualar a tarifa reduziria o preço em 18%, diz a Aliança Brasil (associação do setor de bicicletas).

Projeção. Estudo divulgado na semana passada pela associação Aliança prevê para este ano vendas de 31 mil bicicletas elétricas, número pequeno em relação às vendas de modelos tradiciona­is, mas 70% superior ao de 2017. A entidade projeta cresciment­o consecutiv­o até 2022, quando deve atingir vendas de 280 mil unidades, ou 6,6% do mercado total de duas rodas.

A Caloi, agora pertencent­e ao grupo canadense Dorel, desenvolve em parceria com a japonesa Shimano – maior fornecedor­a global de peças –, uma versão elétrica com preço mais acessível, na faixa de R$ 4 mil, para ser vendida a partir de 2019.

A empresa detém mais de 50% do mercado e deve produzir este ano cerca de 600 mil bicicletas na Zona Franca. A participaç­ão das elétricas ainda é pequena, diz o gerente de produto Marcos Ribeiro. O grupo dispõe de dois modelos que começaram a ser produzidos em 2017 e custam R$ 8 mil (urbana) e R$ 13 mil (mountain bike).

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Elétricas. Bruno Caloi Júnior vai inaugurar em maio uma fábrica na Zona Franca de Manaus

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