Pedido de prisão de Pezão cita bilhetes com valores de propinas
Petição da PGR também transcreve escuta telefônica na qual governador do Rio indica ajuda a Cabral na prisão
A petição encaminhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), informa a existência de 25 bilhetes que citam o governador ou codinomes ligados a ele ao lado de valores que, somados, chegam a R$ 2,2 milhões. Além disso, há uma transcrição de conversa telefônica em que Pezão considera interceder em favor de Sérgio Cabral junto à direção do presídio Bangu 8, onde o exgovernador cumpre pena.
O documento tem 151 páginas e estava sob sigilo, que foi levantado anteontem pelo ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Foi ele quem autorizou a detenção de Pezão.
Preso na quinta-feira passada sob a acusação de suceder a Cabral em esquema de corrupção no governo estadual, Pezão está detido na Unidade Prisional da Polícia Militar, no Fonseca, em Niterói. Ele está em uma cela especial por prerrogativa de cargo, mas, segundo a PM, sua rotina é igual à dos demais presos. O Estado não conseguiu contato com a defesa do governador do Rio.
Segundo trecho da peça, “foram identificadas anotações com datas e valores que fazem referências a pagamentos realizados a ‘Pé’, ‘Pzão’, ‘Pezão’, ‘Big fooot’ e ‘Pezzone’. No total são 25 ocorrências, cuja maioria revela transferência de grandes vantagens indevidas para o governador. Foi possível identificar pagamentos realizados entre os anos de 2012 a 2014”.
Em outro trecho da petição, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, transcreve conversa telefônica em que Pezão considera ajudar Sérgio Cabral. A conversa ocorreu em julho, logo após Cabral se desentender com procuradores que faziam uma inspeção em Bangu 8 e, por conta disso, ter sido encaminhado para outra cela. Na conversa, Pezão se compromete a “entrar no circuito”.