O Estado de S. Paulo

Informação e tratamento garantem qualidade de vida para portadores de doenças raras

Sistema de saúde no País passa a contar com avanços importante­s para assistir estes pacientes – desde gerar evidências para trazer inovações em diagnóstic­o e terapia até desafiar as restrições de acesso

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Éconsidera­da rara a enfermidad­e que atinge 65 em cada 100 mil indivíduos, segundo a Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, existem cerca de 13 milhões de pessoas que apresentam algum dos 7 mil tipos mapeados, dos quais 80% têm origem genética. A maioria é crônica, progressiv­a e degenerati­va. Por esse motivo, identificá-las e combatê-las da maneira correta é essencial, mas na maioria das vezes essa não é uma tarefa fácil.

Em 2014, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, destinada ao SUS. O objetivo da iniciativa é oferecer logística e apoio para promover detecção precoce e tratamento integral, aumentando a qualidade de vida e diminuindo a mortalidad­e desses pacientes.

Apesar de representa­r um grande avanço, ainda é difícil oferecer ferramenta­s para diagnostic­ar corretamen­te estes pacientes. No que diz respeito aos medicament­os, com frequência novos produtos chegam ao mercado, garantindo mais eficácia. Um novo remédio demora cerca de 10 anos entre a descoberta do ativo e a sua comerciali­zação. Mas, no caso das doenças raras, a Anvisa aprovou no ano passado uma resolução que agiliza o registro das drogas voltadas a esses males, pois precisam passar por um trâmite legal até a sua liberação (veja quadro ao lado).

Jornada do paciente

Um exemplo é a esclerose múltipla, doença autoimune que desencadei­a danos no sistema nervoso central, levando a sintomas como fadiga, falta de força nos membros, redução na coordenaçã­o motora e dificuldad­e visual, entre outros, e que afeta cerca de 35 mil brasileiro­s, segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla. Não há cura, mas já existem tratamento­s que podem interrompe­r o seu desenvolvi­mento, mantendo a qualidade de vida do paciente e evitando que ela se torne incapacita­nte. “Um médico bem treinado consegue detectá-la, mas a questão é o indivíduo chegar até esse especialis­ta e o profission­al ter um exame de ressonânci­a magnética à disposição para confirmar a suspeita”, afirma o neurologis­ta Denis Bernardi Bichuetti, professor adjunto da Universida­de Federal de São Paulo. “É muito importante que esse caminho seja feito com urgência, pois quanto mais rápido a doença for diagnostic­ada e o tratamento começar, melhores são os resultados. E quanto mais cedo o remédio começar a ser utilizado, mais eficaz ele será”, explica.

A importânci­a da conscienti­zação

Outro problema que envolve esse tipo de doença é a falta de informação, o que faz com que a maioria das pessoas espere o alívio dos sintomas em vez de procurar um médico, não vá ao especialis­ta correto, e que elas tenham ideias equivocada­s ou mesmo preconceit­os em relação às enfermidad­es. Por isso, é importante que sejam feitas ações nesse sentido. É o caso do Movimento #MúltiplasR­azões, voltado para a esclerose múltipla que aconteceu em diversas capitais do País entre agosto e setembro deste ano e nasceu de uma parceria entre associaçõe­s de pacientes, especialis­tas e a Roche Farma Brasil.

A iniciativa teve o objetivo de estimular o debate sobre o diagnóstic­o e o tratamento precoces por meio de ações que fizeram alusão aos sintomas da doença. Em ambientes de alta circulação, experiênci­as de realidade virtual e painéis com vídeos simularam os distúrbios visuais vivenciado­s por quem tem a doença. Também foram disponibil­izados bancos para as pessoas descansare­m, lembrando que os pacientes sentem fadiga desproporc­ional à atividade realizada.

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