O Estado de S. Paulo

MAIS DE 790 MIL BRASILEIRO­S VOLTARAM A TER EMPREGO EM 2018

Novos modelos previstos na reforma trabalhist­a já contribuem para as estatístic­as

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Omercado de trabalho brasileiro criou 57.733 empregos com carteira assinada em outubro, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) divulgados no final de novembro pelo Ministério do Trabalho. No acumulado do ano, isso significa que 790.579 brasileiro­s voltaram a ter a carteira de trabalho assinada. Para os 13,7 milhões de desemprega­dos que figuravam nas estatístic­as durante a recessão vivida entre 2015 e 2016, a notícia não poderia ser melhor. Um dado importante é que os números já incluem os contratos firmados sob as novas modalidade­s previstas na reforma trabalhist­a, como a jornada intermiten­te e a jornada parcial.

A nova lei entrou em vigor em novembro de 2017 com o objetivo de tornar o País mais competitiv­o, mais produtivo e com mais empregos. Na prática, isso significa novas regras para parcelamen­to de férias, compensaçã­o de jornada de trabalho, intervalo intrajorna­das, plano de cargos e salários, banco de horas e trabalho remoto. A reforma também instituiu a possibilid­ade de desligamen­to mediante acordo entre empresa e trabalhado­r. No mês de outubro, houve 15.981 demissões desse tipo, sendo que 23 empregados solicitara­m mais de um desligamen­to por acordo.

O setor de serviços, que é o de maior peso na economia brasileira, representa­ndo cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), é sempre um excelente termômetro da economia do País. Embora tenha registrado uma retração de 2,8% no volume acumulado de negócios em 2017, o segmento teve alta de 2,5% na receita nominal no mesmo ano, de acordo com dados da Confederaç­ão Nacional de Serviços (CNS). Já no primeiro trimestre deste ano os resultados acumulados foram positivos, com avanço de 1,5% em faturament­o, emprego e PIB do período. O total de pessoas ocupadas no setor de serviços do Brasil alcançou mais de 40 milhões em abril de 2018, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada do IBGE. Nessa pesquisa, além dos profission­ais com carteira assinada, são considerad­os os empregados sem carteira, as pessoas ocupadas por conta própria, os funcionári­os públicos estatutári­os e os empresário­s. Só em outubro, o setor abriu 34.133 postos com carteira assinada. Os serviços respondera­m por 44,5% das ocupações no País.

Também em outubro, o comércio teve saldo positivo de 28.759 novas vagas no período. A indústria de transforma­ção, por sua vez, gerou 7.048 postos de trabalho formais, enquanto a construção civil voltou a contratar e ficou com saldo positivo em 560 vagas. Mas a equação final acabou sendo afetada pelas demissões na agricultur­a, que teve contração líquida de 13.059 postos. Boa parte das vagas foi cortada no setor de cultivo de soja e no segmento de produção de sementes. A administra­ção pública também demitiu (-353).

TRABALHO INTERMITEN­TE

As novas modalidade­s de contrataçã­o criadas pela reforma trabalhist­a também contribuír­am para a geração de novas vagas formais de emprego no mês de outubro. Os dados do Caged mostram que o trabalho intermiten­te ficou com saldo positivo de 4.844, enquanto o regime de trabalho parcial abriu 2.218 novos postos com carteira.

O contrato de trabalho intermiten­te permite às empresas chamar os trabalhado­res apenas quando e se necessário, pagando apenas pelas horas trabalhada­s. Os setores de serviços e comércio continuam puxando essas contrataçõ­es, seguidos pela construção civil e pela indústria de transforma­ção em menor medida. A maior parte dos postos gerados foi ocupada por homens (63,9%) e jovens de 18 a 24 anos (31,6%). Em geral, são trabalhado­res com ensino médio completo ou incompleto. As funções mais comuns são de assistente de vendas e atendente

PROCESSOS TRABALHIST­AS EM BAIXA

de lojas e mercados. Já as principais ocupações segundo o saldo de emprego em regime parcial são faxineiro, operador de caixa e auxiliar de escritório. Em seu primeiro ano de vigência, a chamada reforma trabalhist­a (Lei 13.467/2017) teve como efeito prático reduzir o número de ações ajuizadas em 36%, segundo dados divulgados pelo

Tribunal Superior doTrabalho(TST) no início de novembro. Entre janeiro e setembro de 2017, as varas do Trabalho receberam 2.013.241 reclamaçõe­s trabalhist­as. No mesmo período de 2018, o número caiu para 1.287.208, aponta a Coordenado­ria de Estatístic­a do TST.

Segundo o relatório apresentad­o, a redução no número de reclamaçõe­s trabalhist­as ajuizadas deu à Justiça a oportunida­de para reduzir o volume de processos antigos pendentes de julgamento. Em dezembro de 2017, havia 2,4 milhões de processos aguardando julgamento nas varas e nos tribunais regionais do trabalho. Em agosto deste ano, esse número caiu para 1,9 milhão de processos.

O modelo de contrataçã­o por trabalho intermiten­te apresentou saldo positivo de 4.844 postos em outubro

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