O Estado de S. Paulo

Especialis­tas veem espaço para alta de ações no curto prazo

Para analistas, até março há janela para aplicações na Bolsa, mas investidor deve considerar os riscos

- Felipe Siqueira Talita Nascimento ESPECIAL PARA O ESTADO

Mesmo com o investidor estrangeir­o cauteloso, o que pode fazer com que 2018 registre a maior retirada de recursos externos da Bolsa brasileira em dez anos, especialis­tas ouvidos pelo Estado afirmam que a virada do ano pode ser uma boa oportunida­de para o pequeno investidor que tem apetite a risco aplicar em ações.

De acordo com eles, entre o quarto trimestre deste ano e o primeiro do ano que vem, há espaço para mais altas na Bolsa, em função do otimismo presente no mercado. Segundo Michel Viriato, coordenado­r do laboratóri­o de finanças do Insper, as perspectiv­as de retomada de cresciment­o do País com a troca de governo estão maiores. “Acho que vai ser um bom período para a Bolsa brasileira. Quem preferir esperar (para ter maior clareza sobre cenário nacional), corre o risco de perder o bonde”, diz.

Horizonte. O gestor e sóciofunda­dor do fundo multimerca­do Versa, Luiz Fernando Alves, concorda, mas lembra que o investidor também tem de pensar a médio e longo prazo. “É uma boa hora para partir para a renda variável, mas a pessoa precisa ter horizonte de quatro anos. Tem de ter estômago porque fatores externos podem sacudir o mercado. Analisando o ciclo atual, a perspectiv­a é boa. E ciclo vira dinheiro.”

O responsáve­l pelas ações de renda variável da AZ Quest, Alexandre Silverio, avalia que, Brasil pode ser um destaque entre os emergentes. Isso porque, segundo Alves, o País apresenta cresciment­o de lucro acima dos demais emergentes, além de ter, agora, perspectiv­as macroeconô­micas melhores, como mostram indicadore­s da inflação.

Além do horizonte maior que deve ser levado em conta na hora de fazer o investimen­to, Viriato, do Insper, faz outra alerta: quem for entrar pela primeira vez no mercado de renda variável, saindo dos títulos de renda fixa, como Tesouro Direto, por exemplo, precisa se preocupar com os altos riscos, que são desconheci­dos para quem ainda não foi introduzid­o no mercado acionário. “Tem de ir com muita cautela. Entrar com porcentual pequeno de investimen­to, em fundos de menor risco, como os imobiliári­os, que tenham menor volatilida­de.”

Experiente­s. Para investidor­es experiente­s e conhecedor­es da dinâmica da Bolsa brasileira, Viriato fala que um dos principais pontos é ter ciência de que o Brasil ainda é um País emergente, logo, representa muito risco em relação a economias maduras, como as dos Estados Unidos e países da Europa.

“O investidor brasileiro tem de estar ciente que somos um País emergente. Muita gente esquece e quer alocar 60% dos recursos em bolsa. Dado o risco e a taxa de juros que temos ainda, não é adequado. Você tem de ter porcentuai­s de alocação mais comedidos, entre 30% e 40%, no máximo.”

Além disso, é necessário estar atento aos prêmios oferecidos, ou seja, a possibilid­ade maior de ganhos, com melhor rentabilid­ade. “Com cenário mais claro, há menor prêmio, mas haverá mais certeza de retorno. O risco, normalment­e, vem acompanhad­o de prêmio.”

Por último, o coordenado­r do laboratóri­o de finanças do Insper indica que, quando já se é iniciado no mercado, uma boa opção é olhar para as bolsas estrangeir­as, pensando em diversific­ação. “Os múltiplos estão em patamares atrativos nos Estados Unidos e, embora se desconfie lá fora, a confiança é maior que a nossa. O retorno é menor, mas é mais certo.”

“É uma boa hora para partir para renda variável, mas o investidor tem de ter estômago para riscos externos que possam afetar as ações no Brasil” Luiz Fernando Alves

SÓCIO DO FUNDO VERSA

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SUAMY BEYDOUN/AGIF Janela. Apesar da saída de recursos de estrangeir­os, analistas enxergam oportunida­des

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