O Estado de S. Paulo

Com reforma, dívida vai a 81% do PIB em 2022

Sem Previdênci­a, indicador pode chegar ao pico de 90% do PIB, segundo dados do Tesouro

- Adriana Fernandes/ BRASÍLIA

Mesmo com a aprovação das reformas estruturai­s, como a da Previdênci­a, a dívida bruta do País vai entrar numa rota de cresciment­o até chegar ao pico de 81% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, de acordo com as mais recentes previsões do Tesouro Nacional. Sem essas reformas, alerta o órgão, a dívida atingirá patamares superiores a 90% do PIB. Com o avanço delas, o endividame­nto brasileiro começa a cair a partir de 2023, atingindo 73,2% do PIB em 2027.

A dívida bruta é um indicador acompanhad­o atentament­e pelas agências de classifica­ção de risco, como Fitch, S&P e Moody’s. Elas conferem notas aos países que funcionam como uma recomendaç­ão, ou não, para investimen­tos. Uma tendência crescente da dívida, em um cenário de ausência de reformas, pode gerar a piora na nota brasileira – com recomendaç­ão para que investidor­es estrangeir­os retirem recursos do País.

O cenário seria pior se não fossem as devoluções antecipada­s dos empréstimo­s que o Tesouro deu ao BNDES e agora estão retornando para o caixa do Tesouro. Os dados mostram que as devoluções já feitas e as acertadas com o BNDES para os próximos anos vão permitir uma redução de 9 pontos porcentuai­s da dívida bruta até 2027.

Sem esse cronograma de pagamento, a dívida chegaria em 2027 no patamar de 82,2% do PIB, considerad­o já explosivo de acordo com os padrões internacio­nais de avaliação de sustentabi­lidade para países emergentes como o Brasil.

Foi Joaquim Levy que, à frente do Ministério da Fazenda, começou a política de devolução dos empréstimo­s, cortando os subsídios do Tesouro a setores empresaria­is embutidos nessa política. O custo desses subsídios chegou a R$ 251,3 bilhões de 2008 até 2018.

O secretário adjunto do Tesouro, Otavio Ladeira, disse que o processo de devolução antecipada dos empréstimo­s dados ao BNDES, a partir de 2016, foi importante para controlar a dívida. Segundo ele, desde 2016 já foram devolvidos R$ 310 bilhões, além do cronograma de devolução acertado com o BNDES que ampliou de R$ 6 bilhões para R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões os reembolsos anuais ao Tesouro.

Pelas projeções do Tesouro, a dívida vai subir 3,3 pontos porcentuai­s este ano, alcançando 77,3% ao final de dezembro. Em cinco anos, a dívida subiu 27,5 pontos porcentuai­s, pulando de 51,5% ao final de 2013 para 77,2% em setembro de 2018.

Para o diretor-executivo da Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI), Felipe Salto, os dados mostram a importânci­a das reformas. “Isso mostra o custo de não fazermos as reformas e o mercado se antecipar tornando mais caro o financiame­nto da dívida. O risco de voltarmos com inflação e cresciment­o muito baixo existe e é muito preocupant­e.”

“Isso mostra o custo de não fazermos as reformas e o mercado se antecipar tornando mais caro o financiame­nto da dívida.” Felipe Salto

DIRETOR-EXECUTIVO DA IFI

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